Empresas lançam campanha pró túnel Santos-Guarujá

O plano prevê a ligação entre as duas margens do cais santista e, para isso, é necessária a interlocução com os governos federal e estadual

Por: Por ATribuna.com.br  -  25/09/20  -  11:45
As regras foram publicadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários
As regras foram publicadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários   Foto: Carlos Nogueira

Incluir o projeto do túnel Santos-Guarujá no projeto de desestatização da administração da Autoridade Portuária de Santos ou viabilizá-lo a partir de ou Parceria Público-Privada (PPP). Este é o objetivo da campanha Vou de Túnel, lançada ontem. O plano prevê a ligação entre as duas margens do cais santista e, para isso, é necessária a interlocução com os governos federal e estadual.


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Com um trajeto de 1,7 km, o projeto do túnel prevê que a travessia entre Santos e Guarujá seja feita em cinco minutos, com três faixas de rolagem em cada sentido. A ideia é que ele tenha acesso para ciclistas, pedestres e conte com uma via exclusiva para o VLT, reduzindo o tempo de deslocamento com o transporte público. Esta última etapa dependeria de outro investimento.


Para o consultor portuário Casemiro Tércio Carvalho, que é ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos, a alternativa mais viável é a inclusão do túnel no processo de desestatização da empresa que administra o Porto. O executivo faz parte da campanha, que conta com o apoio de mais de 20 empresas, muitas delas que atuam no cais santista.


Em sua gestão na estatal que administra o cais santista, Carvalho demonstrou preocupação com os impactos que a ponte proposta pelo Governo do Estado pode trazer à expansão do cais santista. Por isso, ele aponta o túnel como “a única solução” para a ligação seca. “A gente não pode jogar uma pá de cal no maior porto do Brasil”.


No ano passado, o projeto do túnel foi revisto pela Autoridade Portuária. Com redução de 95% das desapropriações e outras alterações, o valor necessário para a obra caiu de R$3,8 bilhões para R$ 2,5 bilhões


De acordo com o professor no Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (USP), Tarcísio Barreto Celestino, um dos maiores especialistas em túneis do Brasil, serão necessários cerca de dois anos para a construção do túnel. Porém, neste período, a interdição do canal de navegação será necessária em apenas cinco dias. “Não vamos fazer como Roterdã que começou a fazer pontes e passou a fazer túneis”.


Segundo Carvalho, o projeto já conta com uma licença prévia emitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Porém, diante das mudanças realizadas no projeto, é necessária uma retificação do documento. “Se eu estou melhorando o projeto anterior, não vejo necessidade de uma nova consulta pública, obviamente os gestores públicos vão avaliar se é pertinente ou não”.


O diretor da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, Eduardo Lustoza, destaca que a população pode se informar e atuar a favor da ligação seca. Basta acessar o site da campanha e assinar a petição eletrônica.


“Na obrigação da engenharia e como cidadão, vamos de túnel por ser a melhor opção. A engenharia tem essa certeza e como portuário há 40 anos, eu também trato o túnel como a melhor solução. E finalizo fazendo uma profecia: se por acaso a ponte for construída por um descuido político, em 15 anos teremos que implodir essa ponte diante dos prejuízos”, afirmou.


Projeto


A deputada federal Rosana Valle (PSB) pediu ao Ministério da Infraestrutura a inclusão do projeto de construção de um túnel ligando as cidades de Santos e Guarujá no processo de desestatização da gestão da Autoridade Portuária de Santos (APS). A modelagem que será adotada é estudada através de um contrato firmado com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


“Entendo que a empresa, consórcio, pool ou qualquer outro modelo de gestão que venha se consagrar vencedor do provável certame público (se assim também for definido pelo estudo em andamento) para assumir o leme da principal administradora portuária estatal do País poderá arcar com o custeio da almejada obra, que se prenuncia como de fundamental relevância para o progresso e desenvolvimento do Porto de Santos”, destacou a parlamentar.


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