Coronavírus deve forçar cancelamento de escalas no Porto de Santos

Segundo terminais de contêineres, paralisações na China atrasarão exportações para o Brasil

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  10/03/20  -  15:17
Movimento em terminais privados cresceu 5,5% no período
Movimento em terminais privados cresceu 5,5% no período   Foto: Carlos Nogueira/AT

O comércio global de contêineres registrou um movimento mais fraco do que o normal nos dois primeiros meses do ano. Entre os motivos, segundo o Centro Nacional da Navegação Transatlântica (Centronave), estão os impactos da paralisação de atividades por conta do coronavírus na China. Para este mês, é esperada uma escassez momentânea de caixas metálicas. No Porto de Santos, escalas de navios podem ser canceladas.


De acordo com a entidade que reúne 19 empresas de navegação de todo o mundo, o ano novo chinês tradicionalmente afeta o embarque e recebimento de cargas. Isto porque, durante duas semanas, as atividades são praticamente paralisadas no país. 


Neste ano, isto aconteceu entre 25 de janeiro e 12 de fevereiro. No entanto, segundo a Organização Muncial de Saúde (OMS), o auge da epidemia do coronavírus foi declarado em 30 de janeiro, período em que as fábricas já estavam paralisadas. 


“Devido à incerteza em relação à doença, medidas foram tomadas pelas autoridades asiáticas, o que acabou estendendo a pausa ou diminuindo a produção em alguns países. Tal diminuição do trabalho e produção resultou em um congestionamento de contêineres nos portos chineses de Xangai, Xingang, Tanjin e Ningbo”, destacou o Centronave.


No Porto de Santos, os terminais de contêineres ainda não sentiram grande redução nos volumes movimentados. Mas o problema tende a se agravar ainda neste mês. 


É o que aponta o diretor Econômico-Financeiro e de Relação com Investidores do Tecon Santos, Daniel Pedreira Dorea. Segundo o executivo, o terminal, que fica na Margem Esquerda (Guarujá), ainda não sentiu impactos de paralisações em virtudes do coronavírus nos dois primeiros meses do ano. 


No entanto, neste mês, há a expectativa de cancelamento de escalas de três a cinco embarcações que fazem a rota Ásia-Costa Leste da América do Sul. O mesmo pode acontecer em abril. “Se a China voltar à normalidade ou algo próximo a isso, de maio em diante, os efeitos dessas paralisações poderão ser neutralizados”, destacou Dorea.


O executivo garante que, mesmo com a redução esperada de movimentação, não há previsão de queda nas operações neste ano. Isto porque as cargas podem atrasar, mas não deixarão de ser movimentadas.  


Na DPW Santos, que fica na Margem Esquerda, na Área Continental de Santos, também não foram registrados impactos nas operações. A instalação portuária também espera que, neste mês, algumas escalas de navios vindos da Ásia sejam canceladas. 


Já na unidade da Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa, em Santos,  ainda não foram sentidos impactos. Mas a previsão da empresa é que, neste mês, quatro navios cancelem a escala. Como resultado, 10 mil  contêineres deixarão de ser movimentados na instalação neste mês.


Volume reduzido


Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, apesar de terem sido mantidas as escalas até o momento, o volume de mercadorias foi reduzido. 


“Os navios procedentes da China estão vindo com uma substancial redução de carga nos patamares de 35% ou 40% abaixo da sua capacidade de carregamento”, destacou o executivo do Sindamar.


Roque aponta que são comuns pequenas reduções de embarques na China do início do ano. Isto por conta das férias coletivas em fábricas, comuns nessa época. “Se essa epidemia perdurar mais tempo poderemos ter uma redução próximo de 50% a 60% nos volumes”. 


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