Codesp planeja privatizar usina de Itatinga

Construída em 1910, usina é responsável pelo fornecimento de parte da eletricidade consumida em terminais e prédios do Porto de Santos

Por: Matheus Müller  -  21/04/19  -  23:10
Atualizado em 26/07/23 - 19:48
Usina fica a 30 quilômetros do Porto de Santos, no município de Bertioga, no sopé da Serra do Mar
Usina fica a 30 quilômetros do Porto de Santos, no município de Bertioga, no sopé da Serra do Mar   Foto: Rogério Soares/ AT

A concessão da Usina Hidrelétrica de Itatinga, responsável por parte da energia que abastece o Porto de Santos, é tida como uma das prioridades do Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária. O processo para o arrendamento da unidade, no entanto, deve levar de seis meses a um ano para começar, pois o cais santista precisa da construção de uma subestação primária para nivelar a tensão da energia que chega aos terminais.


No Brasil, a energia é distribuída com uma tensão de 13.8 quilovolt (KV) e, de acordo com o diretor-presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, hoje, a eletricidade gerada por Itatinga chega ao complexo marítimo com tensão entre 6.6 KV e 10.4 KV.


Tércio explica que, como a Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL) é a concessionária de distribuição, compete à empresa construir a subestação. “O problema está no Porto e não em Itatinga. Vou mudar a geração de Itatinga depois que a estação primária for resolvida”.


Essa mudança na tensão da energia gerada pela usina, que é de responsabilidade da Codesp, pode ser colocada como uma das condições da concessão. O fornecimento às empresas, atualmente, é realizado em maior parte pela CPFL e também por Itatinga.


“Estou dando segurança energética para o Porto, quando o coloco na tensão de 13.8 KV. Hoje, se a geração de Itatinga cair, alguns terminais ficam sem energia e não consigo pegar da CPFL. Com a subestação, se acontecer algo com a usina, os terminais não serão prejudicados”, explicou o presidente da Docas.


Há interesse


Tércio conta que a CPFL Renováveis demonstrou interesse na usina, assim como outra empresa. “O importante é que, depois de equacionar a questão das tensões, vou destinar Itatinga para concessão. Obviamente vamos ter que fazer um processo licitatório”.


Independentemente do contrato de arrendamento, o diretor-presidente da Codesp garante que o plano de transformar Itatinga em uma área de recuperação ambiental, para compensar a implantação de novos terminais portuários na região, continua firme.


Tornar a área um ponto de visitação de ecoturismo, de aventura e turismo histórico também é um objetivo, que, segundo Tércio, deve ser alcançado com ou sem concessão.


Porto foi o 1º do mundo a ter sua hidrelétrica


A Usina Hidrelétrica de Itatinga foi construída em 1910, em Bertioga – quando o município ainda era distrito de Santos. Ela foi erguida para fornecer energia elétrica ao Porto de Santos e a cidades do entorno. O cais santista foi o primeiro porto do mundo a contar com a própria hidrelétrica, que tem equipamentos alemães e americanos.


Por ficar em uma área afastada da região central, no sopé da Serra do Mar e pegada ao rio Itatinga, uma vila com 70 casas foi construída ao longo de uma única rua. Tudo foi pensado e planejado para os funcionários da empresa. No local, também foram erguidos um colégio, comércio e uma igreja – a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que veio desmontada da Inglaterra.


Hoje, o local está fechado à visitação, mas, de acordo com as pretensões da Codesp, essa situação deve mudar em breve, o que permitirá à população, além de conhecer a usina e vila, poder desfrutar de uma área cercada por montanhas de 700 metros de altura, onde vivem várias espécies animais.


Como chegar


Existem empresas de turismo regional que ofereciam o passeio e, segundo o roteiro, a jornada até a Vila de Itatinga tem duração média de 1h40. A excursão começa com uma travessia do rio Itapanhaú em um barco, depois segue de trenzinho por 7,5 quilômetros.


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