Mesmo com os reflexos da pandemia da covid-19 sendo sentidos em todo o mundo, as perspectivas são boas para as operações marítimas no Brasil. A armadora Hamburg Süd prevê um crescimento de cerca de 5% nas exportações e de até 6% nas importações neste ano. Mas a companhia de navegação também adverte para a necessidade de revisão de processos do setor no País.
O ano de 2020 foi atípico e, apesar da crise causada pela pandemia, os números foram positivos para o comércio exterior. Seguindo a tendência, 2021 começou bem, registrando alta na movimentação, o que normalmente não acontece no início do ano.
A informação é da diretora de Vendas da Hamburg Süd, Mariana Lara. Segundo a executiva, as trocas comerciais retomaram um ritmo forte no segundo semestre do ano passado. O período registrou uma aceleração do mercado, conforme a economia se recuperava em várias partes do mundo.
“Janeiro (deste ano) teve duas semanas de navio saindo com espaço, mas a demanda aqueceu em todos os mercados e ficou muito forte de novo. Já foi ano atípico por comportamento. O período de baixa foi mais reduzido do que vimos em anos anteriores”, destacou a diretora.
A executiva ainda aponta que o primeiro semestre será o período para uma acomodação da demanda externa, alterada pelos impactos da covid, além de eventos climáticos. Essa combinação, normalmente, traz efeito logísticos, como congestionamentos em terminais e atrasos para a disponibilidade de contêineres em complexos portuários.
Projeção
Para o diretor da Hamburg Süd, José Salgado, as projeções de crescimento para este ano são fortes. Mas o executivo destaca o cenário de instabilidade política e jurídica no País, além da necessidade de avanços tecnoló-gicos e de infraestrutura.
Para Salgado, o Porto de Santos, sendo o maior e mais importante do País, é um caso clássico da necessidade de investimentos que tragam modernidade ao processo de transporte marítimo. Ele cita a busca de investidores por processos logísticos mais eficientes e aponta os impactos da vinda de navios maiores ao complexo.
O cais santista recebe embarcações de até 340 metros de comprimento, com capacidade para transportar cerca de 9 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Desde o final do mês passado, com a autorização da Marinha do Brasil, pode recepcionar navios de até 14 mil TEU – com 366 metros de comprimento e 52 metros de boca (largura), da classe New Panamax.
“O 366 é uma conquista que vai trazer melhorias fantásticas. Há um custo adicional de segurança, manobrabilidade, mas vai ser um ganho muito grande de eficiência”, apontou o executivo. Ele se refere aos requisitos de segurança impostos pela Autoridade Marítima, que incluem dois práticos e alguns equipamentos de segurança, assim como um número maior de rebocadores à disposição.
Outra questão levantada por Salgado são as adequações logísticas que deverão ser feitas pelos terminais para a operação destas embarcações sem impactos nos trabalhos realizados em outros cargueiros. Segundo o executivo, serão necessárias adequações nas áreas de pátio, além de mais equipamentos, pessoas e automação nas instalações portuárias, de modo a “desafogar o marítimo”, mas não “entupir o terrestre”.