'Temer é o líder da organização criminosa', diz Marcelo Bretas

Magistrado determinou ainda a prisão do coronel reformado da Polícia Miliar João Baptista Lima Filho - o coronel Lima -, de sua mulher e de quatro empresários

Por: Do Estadão Conteúdo  -  21/03/19  -  16:33
Atualizado em 21/03/19 - 16:35

O juiz federal Marcelo Bretas afirmou em decisão que "é convincente" a conclusão da força-tarefa da Operação Lava Jato de que o ex-presidente "Michel Temer é o líder da organização criminosa". Temer e o ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) foram presos nesta quinta-feira (21).


"É importante que se tenha em mente que um dos representados, Michel Temer, professor renomado de Direito e parlamentar muito honrado com várias eleições para a Câmara Federal, era à época o vice-presidente da República do Brasil. Recentemente, inclusive, ocupou a Presidência de nosso país. Daí o relevo que deve ser dado à análise de seu comportamento, pois diante de tamanha autoridade é igualmente elevada a sua responsabilidade", afirmou Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio.


O magistrado determinou ainda a prisão do coronel reformado da Polícia Miliar João Baptista Lima Filho - o coronel Lima -, de sua mulher de Maria Rita Fratezi, dos empresários Carlos Alberto Costa, Carlos Alberto Costa Filho, Vanderlei de Natale e Carlos Alberto Montenegro Gallo. O juiz ainda decretou as custódias temporárias de Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann.


Marcelo Bretas ordenou busca e apreensão nos endereços desses investigados, assim como da filha do ex-presidente Maristela Temer, do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, de Ana Cristina da Silva Toniolo e de Nara de Deus Vieira. Também foram realizadas buscas nas empresas vinculadas aos investigados.


Defesas


O advogado Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou que a prisão do ex-presidente "é uma barbaridade".


O MDB, por meio de nota, "lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa".


A reportagem está tentando ouvir os outros envolvidos na operação deflagrada nesta quinta-feira. O espaço está aberto para as manifestações.


Imprensa internacional repercute prisão


A prisão do ex-presidente Michel Temer teve repercussão em veículos estrangeiros, especialmente os latino-americanos, reflexo do impacto que a Operação Lava Jato, que prendeu Temer, tem tido na política dos países vizinhos.


O Clarín, da Argentina, deu amplo destaque à prisão em seu site. O jornal falou do forte efeito Lava Jato ao apontar que "o caso é considerado a maior operação anticorrupção da história do Brasil e mudou profundamente o gigante sul-americano, até poucos anos atrás uma das potências mundiais emergentes".


O maior jornal da Colômbia, El Tiempo, colocou a prisão de Temer como notícia principal em seu site. "É o segundo ex-presidente do País a ser detido por esse delito", diz a chamada. El Comercio, do Peru, destacou que, enquanto presidente, Temer havia se livrado de denúncias. "O Ministério Público chegou a solicitar duas vezes a abertura de julgamentos de corrupção contra Temer, mas o Congresso se recusou a autorizar o processo. Todos os casos contra ele dependiam da perda do foro privilegiado."


O El País, jornal espanhol, deu ênfase em sua capa de língua espanhola à prisão, e também falou sobre a operação que prendeu diversos políticos, empresários e doleiros brasileiros. "Temer, que era vice-presidente de Dilma Rousseff, tomou posse em agosto de 2016 após o impeachment da sucessora de Lula em um dos capítulos do terremoto causado no Brasil, especialmente, mas também no resto da América Latina, pela investigação de um enorme sistema de pagamento e coleta de subornos em troca de concessões de obras públicas", apontou a publicação.


A rede de TV americana CNBC mostrou em sua página inicial a prisão. A agência de notícias Dow Jones Newswires enfatizou que a prisão pode mudar a percepção sobre a Lava Jato. "A prisão de Temer chega em um momento chave na Lava Jato, que já dura cinco anos e que muitos críticos dizem ter sido uma caça às bruxas com motivação política contra a esquerda brasileira e Lula", disse a agência. O Wall Street Journal, que pertence ao mesmo grupo que a Dow, publicou a notícia em seu site.


O New York Times noticiou a prisão e enviou alerta pelo celular aos leitores. A reportagem diz que "Temer era um presidente profundamente impopular que usou grande parte de seu limitado capital político lidando com investigações criminais que o perseguiram nos últimos anos". Já o concorrente Washington Post havia colocado a informação em destaque no site e chegou a enviar e-mail para clientes alertando sobre o acontecimento.


A BBC, empresa pública de comunicação do Reino Unido, noticiou a prisão de Temer em seu site. "Mídia local diz que a polícia tem tentado alcançar Temer, que deixou a Presidência em 1º de janeiro, desde quarta-feira".


O The Guardian, também britânico, disse em reportagem que a prisão de Temer era "iminente" desde que ele deixou a Presidência, e que a revolta com corrupção na política contribuiu para "a ascensão do sucessor de extrema-direita de Temer, Jair Bolsonaro". O Financial Times repercutiu a prisão na internet. O Der Spiegel, da Alemanha, também deu destaque à notícia em seu site.


Logo A Tribuna
Newsletter