Plano nacional indica a construção de cinco complexos nucleares de Angra dos Reis em 30 anos

Capacidade de urânio disponível no país é indicado para dar suporte à elevação de até 3,3 vezes o atual consumo de eletricidade nacional até 2050

Por: Por ATribuna.com.br  -  07/07/20  -  15:25
Presidente participou da inauguração de ultracentrífugas em Fábrica de Combustível Nuclear no Rio
Presidente participou da inauguração de ultracentrífugas em Fábrica de Combustível Nuclear no Rio   Foto: Divulgação/PR

Para acompanhar a demanda crescente nas próximas três décadas, o Brasil precisa  ampliar cinco vezes a capacidade atual de energia nuclear. Até 2050, o país tem um potencial de expansão de 10 gigawatts (GW) dessa fonte energética, dada a disponibilidade de urânio (elemento necessário para essa matriz).


Os dados são do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, que deverá ser colocado em consulta pública ainda esta semana, informa o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros. A informação foi revelada na tarde desta segunda-feira (6), durante evento on-line organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan).  


Segundo Barros, a planejamento orienta a expansão do parque de geração nuclear no Brasil em volume entre 8 GW e 10 GW nos próximos 30 anos. Essa marca equivale até cinco vezes a atual capacidade nacional desta matriz energética, concentrada nas duas unidades instaladas em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro.


Atualmente, essas plantas respondem por 3% do consumo nacional, enquanto a usina hidrelétrica de Itaipu, na divisa com o Paraguai, gera 15%. Nos anos 1980, a região da Jureia, em Peruíbe, foi cogitada para receber plantas de geração de energia nuclear. O plano foi encerrado após mobilização popular na localidade.


O secretário destaca que a demanda de energia elétrica nacional pode crescer 2,5 vezes até 2050 (em comparação com 2015). No mesmo período, o consumo de eletricidade poderá subir até 3,3 vezes. Com este dado em mãos, o governo planeja o quanto será necessário agregar de fontes de geração de energia para atender ao crescimento previsto.  


“Temos a sexta maior reserva de urânio do mundo e estamos falando de um país com nível de prospecção de 30% do território nacional. Temos a expectativa de que o Brasil alcance a segunda ou terceira posição a partir do momento que passar a prospectar mais”, afirma Barros.  


Segundo ele, essa capacidade será o combustível suficiente para atender as necessidades do Brasil no patamar que está sendo definido no PNE, além de abrir a expectativa de exportação de urânio. “São benefícios dados mediante a uma simples e importante sinalização que estamos dando a partir dessas novas usinas nucleares que serão implementadas no Brasil”, acrescenta.  


Barros lembra que a geração nuclear tem a vantagem de poder ser instalada próximo às regiões onde há um maior consumo de energia. “Ao colocar a usina próximo da carga (local de utilização), estamos trazendo uma geração firme, independente de um sistema de transmissão de longa distância”, diz. 


Para alcançar a meta de geração de energia nuclear, ele listou algumas questões que ainda precisam ser superadas, como a manutenção de garantia de segurança da gestão dos rejeitos radioativos, a expansão da vida útil de reatores, a ampliação do conhecimento dos recursos minerais e adequações na legislação. 


O presidente da Abdan, Celso Cunha, pondera que serão necessários investimentos pesados para instalar os 10 GW. Segundo ele, o principal entrave é o fato de a participação do setor privado ser vedada pela constituição. As duas unidades no litoral fluminense são de propriedade da Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras. 


“Observamos que as regras atuais não atendem uma segurança de investimento por parte de grandes empreendedores. É preciso fazer essa adequação e alterar o marco constitucional e legal para que venha ocupar essa nova dimensão, que seria a participação da iniciativa privada na expansão do setor nuclear brasileiro”, conclui  Barros. 


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