Nicolás Maduro consegue apoio de cerca de 50 países na ONU

Grupo quer evitar uma eventual invasão militar dos Estados Unidos na Venezuela

Por: France Presse  -  15/02/19  -  18:41
Chanceler venezuelano Jorge Arreaza anunciou ontem criação de grupo de apoio à Venezuela na ONU
Chanceler venezuelano Jorge Arreaza anunciou ontem criação de grupo de apoio à Venezuela na ONU   Foto: Laura Bonilla Cal

O governo da Venezuela anunciou, na última quinta-feira (14), na ONU, a criação de um grupo de cerca de 50 países – entre eles Rússia, China e Irã – para defender a Carta das Nações Unidas diante da possibilidade de uma invasão militar dos Estados Unidos.


Rodeado por diplomatas de Rússia, China, Irã, Cuba, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua, Bolívia e outros países, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza assegurou na ONU que o novo grupo agirá nos próximos dias para defender “os direitos da Carta e de todos os estados-membros” e chamar a atenção “sobre os perigos que enfrentam nossos povos”.


O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, que esteve presente na breve coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, disse a jornalistas russos que o governo de Maduro “planeja organizar uma conferência internacional em apoio ao direito internacional e em apoio ao governo legal” da Venezuela.


Arreaza mencionou especificamente os princípios da Carta da ONU que garantam o direito à soberania, à autodeterminação dos povos, à integridade territorial e à não ingerência em assuntos internos, assim como a obrigação de não ameaçar a paz e a segurança.


No caso da Venezuela, esses direitos estão “sendo violados de maneira flagrante e aberta”, afirmou em referência às ameaças dos Estados Unidos, que não descartam o uso da força para derrubar o presidente Nicolás Maduro.


O embaixador palestino na ONU, Ryad Mansur, também presente na breve coletiva de imprensa, informou que cerca de 50 países formam o grupo, dos 193 que integram a ONU.


Guerra psicológica


A ONU está dividida entre os cerca de cinquenta países – liderados pelos Estados Unidos – que apoiam o líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, e aqueles que defendem Maduro.


Os Estados Unidos enviaram ajuda humanitária para os venezuelanos na fronteira com a Colômbia, mas o governo de Maduro se recusa a permitir a entrada porque considera isso uma arma política.


“O que está acontecendo na Venezuela hoje é preocupante. Estamos muito preocupados que alguns exaltados possam estar considerando a opção militar”, disse o embaixador russo Vasily Nebenzya, em referência tácita ao conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, e o emissário para a Venezuela, Elliott Abrams.


O presidente Donald Trump alertou, na quarta-feira (13), que avalia “todas as opções” para solucionar a crise na Venezuela.


Consultado sobre o que acontecerá em 23 de fevereiro, data-limite imposta por Guaidó para a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, Arreaza afirmou que “na Venezuela há um só governo e ninguém pode impor prazos”.


Arreaza fez referência aos recentes movimentos de tropas americanas no Caribe denunciados por Cuba, e acusou o governo de Trump de “estar jogando com um novo tipo de guerra psicológica”.


O governo da Venezuela anunciou ontem a chegada de cerca de mil toneladas de medicamentos e insumos médicos provenientes de Cuba e da China.


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