Militares apoiam Nicolás Maduro contra 'golpe de estado'

Autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó foi reconhecido por EUA, Brasil e outros países

Por: Da AFP  -  25/01/19  -  22:58
Ao lado da cúpula, ministro da Defesa, Vladimir Padrino, defendeu presidência de Maduro
Ao lado da cúpula, ministro da Defesa, Vladimir Padrino, defendeu presidência de Maduro   Foto: Luis Robayo/France Presse

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu na quinta-feira (24) o apoio da Força Armada, pilar de seu governo, tentando responder ao apoio internacional à autoproclamação do líder parlamentar opositor, Juan Guaidó, como presidente interino.


Em sessão especial no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, de linha governista), Maduro agradeceu aos militares o apoio contra o que ele denunciou como “um golpe de estado em curso” liderado por Washington.


“A pátria militar tem voz firme e clara (...) Não há dúvidas de que é o próprio Donald Trump quem quer impor um governo de fato”, disse o presidente socialista.


Ladeado pela cúpula militar, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, havia reconhecido pouco antes Maduro como presidente “legítimo”, garantindo que a autoproclamação de Guaidó faz parte desse “plano criminoso”.


Ao apoio, se somaram o TSJ, o Conselho Eleitoral e o Ministério Público, que anunciou estar preparando “ações” depois que a Justiça lhe ordenou investigar criminalmente o Parlamento – de maioria opositora –, acusando-o de usurpar as funções Maduro.


Guaidó, que segundo uma fonte “está abrigado” em um local não especificado, oferece anistia aos militares que não reconheçam Maduro. “O maior impedimento para assumir na prática é o alto comando militar”, disse o analista Diego Moya-Ocampos.


Embora a Força Armada afirme estar unida, mostrou fissuras. Na segunda-feira, 27 soldados foram presos após se revoltarem contra Maduro. A tensão também é sentida nas ruas. Revoltas contra o governo deixaram 26 mortos desde segunda-feira.


'Nunca renunciarei'


Invocando o Artigo 233 da Constituição, Guaidó, de 35 anos, se autoproclamou na quarta-feira “presidente encarregado” de “alcançar o fim da usurpação, um governo de transição e eleições livres”.


Esse artigo assinala que haverá vazio de poder com a renúncia, incapacidade mental, morte do presidente ou abandono de cargo, o ponto polêmico, pois o Parlamento já o declarou em 2017, embora as suas decisões sejam consideradas nulas pelo TSJ.


“Graças a Deus, à Virgem e a todos os santos, anjos e arcanjos, estou bem do ‘coco’ (cabeça), da saúde vou muito bem e (...) nunca renunciarei”, assegurou Maduro, que disse ter notado Guaidó “hesitando” e “assustado”.


Guaidó foi reconhecido por Estados Unidos, Canadá e uma dezena de países da América Latina, inclusive o Brasil, enquanto Maduro teve o apoio de seus aliados Rússia, China, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Turquia.


Mas o reconhecimento de Guaidó não gerou consenso na Organização dos Estados Americanos (OEA) ontem, apesar de o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ter pressionado.


Cinquenta países consideram “ilegítimo” o segundo mandato de Maduro, iniciado em 10 de janeiro, por considerar que as eleições nas quais foi reeleito, boicotadas pela oposição, foram fraudulentas.


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