Bolsonaro indica que vai enviar projeto para ampliar atividades essenciais

Presidente disse que governo não tem capacidade de pagar auxílio emergencial para sempre à população

Por: Do Estadão Conteúdo  -  06/03/21  -  21:38
Bolsonaro edita decreto que regulamenta promoções de oficiais das Forças Armadas
Bolsonaro edita decreto que regulamenta promoções de oficiais das Forças Armadas   Foto: Isac Nóbrega/PR

Em mais uma investida para enfraquecer as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos em meio ao colapso do sistema de saúde no auge da pandemia da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 5, que mandou preparar um projeto de lei para enviar ao Congresso e ampliar a lista de atividades essenciais.


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"Essa história do ‘ficar em casa’, para quem tem dinheiro, tudo bem. O pessoal muitas vezes trabalha hoje para comer amanhã, ou comer à noite. Eu falei ontem o que é atividade essencial. Mandei preparar um projeto nesse sentido", disse Bolsonaro a apoiadores, ao chegar ao Palácio da Alvorada. As atividades essenciais não podem ser interrompidas nem mesmo durante o lockdown.


Segundo o presidente, caberá à Câmara dos Deputados definir a lista de atividades essenciais. "A Câmara é quem vai decidir. Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para casa. Por que o cara que é encanador, por exemplo, não é essencial? Ele vai levar o que pra casa?", perguntou.


No ano passado, por meio de decreto, Bolsonaro incluiu várias atividades no rol de serviços essenciais - inclusive salões de beleza, barbearias e academias. Nesta quinta-feira, 4, Bolsonaro já havia sinalizado essa intenção por meio das redes sociais e aos apoiadores que o aguardavam no Alvorada no fim do dia.


"Aprenderam a definição de trabalho essencial? Já chegou aqui ou não?", questionou. O chefe do Executivo se referia a um post publicado por ele mais cedo, nas redes sociais, no qual dizia que "atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa".


Ao falar sobre a possibilidade de que governadores comprem vacinas diretamente dos laboratórios, sem intermediação do governo federal, Bolsonaro disse não haver problema, desde que os próprios Estados paguem. "Mas quem vai pagar a conta? Eu? Não Se quiserem comprar, podem comprar, mas a vacina vem para o Plano Nacional de Imunização. Ninguém está contra governador não, mas estamos fazendo contato com o mundo todo."


Bolsonaro disse, ainda, que o governo não tem capacidade para pagar auxílio emergencial para sempre à população. "Auxílio emergencial é endividamento do Estado, não tem como. Alguns acham que pode dar a vida toda. Não dá", argumentou ele.


Na conversa com os apoiadores, o presidente admitiu que os novos valores médios, em torno de R$ 250, são pouco, quando comparados aos pagos no ano passado, de R$ 600. "É pouco? Eu preferia ter isso aí do que não ter nada", disse.


Discurso


Em um ajuste no discurso contrário a vacinas, que defendeu durante todo o ano de 2020, Bolsonaro afirmou que o governo vai receber, no mínimo, 20 milhões de doses de vacinas neste mês e mais 40 milhões em abril.


"Depois que o Congresso deu aval para comprar a Pfizer, já assinamos o contrato", destacou o presidente. "Em agosto e setembro do ano passado, já assinamos o primeiro contrato para comprar vacina. Em dezembro, tivemos a medida provisória de R$ 20 bilhões. O Brasil é um dos países que mais vacina. Se não me engano, passamos das 10 milhões de doses aplicadas, mais que todo o Estado de Israel, que são 9 milhões de habitantes. Agora, está faltando no mundo todo".


O Brasil vacinou, até hoje, menos de 4% da população com a primeira dose - foram 7,9 milhões de pessoas. A segunda dose beneficiou ainda menos: 2,6 milhões, pouco mais de 1% da população.


Um dia depois de criticar o isolamento social e falar em "frescura e mimimi", Bolsonaro disse lamentar as mortes. Reafirmou, porém, que é preciso enfrentar o problema. Lembrou que já teve covid-19 e disse estar imunizado, embora essa imunidade seja temporária, como têm demonstrado estudos e evidências de pessoas reinfectadas.


"Deixa outro tomar vacina no meu lugar. Lá na frente, depois que todo mundo estiver imunizado, se eu resolver tomar - porque, no que depender de mim, é voluntário, não pode obrigar ninguém a tomar vacina -, eu tomarei", afirmou o presidente. "Disponibilizaremos vacina para todo mundo no Brasil, gratuita e voluntária."


Enquanto Bolsonaro conversava com os apoiadores, a primeira-dama Michelle Bolsonaro chegou ao Palácio da Alvorada. Michelle também conversou e tirou fotos com o público. Nenhum dos dois usava máscaras de proteção. O casal seguiu em carros separados para a residência oficial.


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