O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) classificou de “lamentável” o fato de o Facebook de sua plataforma ter removido conteúdo favorável ao ex-capitão do Exército. A empresa excluiu, ao menos, 14 páginas e um grupo sob a alegação de que essas contas compartilhavam notícias falsas. Cinco pessoas do gabinete presidencial estão envolvidas na criação das contas, que somavam quase 2 milhões de seguidores.
Em uma live nesta quinta-feira (9) à noite, Bolsonaro disse que as acusações que funcionários próximos a seu gabinete produzem conteúdo com discurso de ódio são parte de perseguição e tentativas de desgastar o seu governo. Ele usou boa parte de sua transmissão semanal para criticar a derrubada de páginas e perfis do Facebook de aliados, sem criticar a empresa diretamente.
“A onda agora é para dizer que as páginas da família Bolsonaro e de assessores, que ganham dinheiro público para isso, promovem o ódio. Eu desafio a imprensa apontar um texto meu de ódio ou dessas pessoas que estão do meu lado”, disse.
Bolsonaro mostrou, ainda, postagens de adversários que faziam apologia a sua morte e não comentou as investigações que mostram transmissões coordenadas de conteúdo falso. “Tentam no tapetão o tempo todo derrubar a chapa Bolsonaro-Mourão, ou desqualificar ou desgastar o governo, mas não apresentam uma prova sequer”, afirmou.
O presidente invocou a liberdade de imprensa para defender a manutenção de conteúdo favorável nas redes sociais de forma geral. “O que que é ódio? Me apresentem um texto que tenha saído numa mídia social qualquer minha, batendo no Legislativo ou no Judiciário, o que for. É lamentável o que vem acontecendo, nós não podemos perder essa liberdade de imprensa. Isso me elegeu Presidente da República”, disse.
O Facebook anunciou nesta quarta-feira (8) ter derrubado uma rede de contas e perfis ligados a integrantes do gabinete do presidente, a seus filhos. A plataforma identificou pelo menos cinco funcionários e ex-auxiliares que disseminavam ataques a adversários políticos de Bolsonaro e conteúdo com desinformação. Nessa lista está Tercio Arnaud Thomaz, que é assessor do presidente e integra o chamado “gabinete do ódio”, núcleo instalado no terceiro andar do Palácio do Planalto.
Cloroquina
Com uma caixa de cloroquina sobre a mesa, o presidente também disse que começou a tomar a medicação antes de receber o resultado positivo para a Covid-19. Bolsonaro tem defendido o uso do medicamento, apesar da falta de evidências científicas que comprovem a eficácia contra o novo coronavírus.
O presidente também disse ter conhecimento que nenhum remédio tem comprovação científica contra a Covid-19 e negou estar fazendo propaganda do medicamento. “Quem não quiser tomar a cloroquina, que não tome, mas não fique querendo proibir”, disse e em seguida desafiou os críticos do medicamento a apresentarem uma alternativa.