Universitários criam sites fakes para vender álcool em gel e máscaras

O grupo tinha base em Praia Grande, no bairro Tupi. No imóvel havia cartões bancários, máquinas para o pagamento por meio de cartões e três notebooks supostamente usados nos crimes

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  04/05/20  -  23:48
Atualizado em 04/05/20 - 23:49
Foram apreendidos cartões, máquinas e notebooks com o grupo
Foram apreendidos cartões, máquinas e notebooks com o grupo   Foto: Divulgação/Polícia Civil

Com idades entre 18 e 20 anos, cinco estudantes, três dos quais universitários da área da Ciência da Computação, são acusados de integrar quadrilha especializada na falsificação de cartões bancários e em estelionatos. Com base em Praia Grande, o bando cometia os golpes por meio de sites fakes que ofereciam álcool em gel, máscaras e outros produtos.


Policiais da 1ª Delegacia de Investigações Criminais (antiga DIG de Santos) descobriram que o bando utilizava um Hyundai ix35 preto. Informados sobre a área pela qual o carro circulava em Praia Grande, os agentes conseguiram interceptá-lo com uma viatura descaracterizada. Um dos suspeito dirigia o veículo e portava maconha e oito cartões.


As suspeitas iniciais de falsificação e estelionato foram confirmadas, porque os cartões estão em nome de outras pessoas. De modo informal, o motorista do Hyundai ix35 confessou a fraude e levou os investigadores ao seu apartamento, na Rua Tamoios, no Tupi, onde estavam os demais integrantes do grupo. Sobre a maconha, disse ser para uso próprio.


No imóvel havia mais cartões bancários, máquinas para o pagamento por meio de cartões e três notebooks supostamente usados nos crimes de falsificação e estelionato. Um dos estudantes abordados no apartamento reside em outra unidade do mesmo edifício, onde foram aprendidas mais duas máquinas de cartões e uma contadora de cédulas.


Ao todo foram apreendidos 28 cartões e seis maquinhas de cartões, além do equipamento destinado à contagem de dinheiro. Os cinco investigados prestaram depoimento e foram liberados. A equipe do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e do investigador Paulo Carvalhal aguarda perícia no material apreendido e tenta identificar as eventuais vítimas.


O Hyundai ix35 e uma moto BMW/G310 GS foram apreendidos porque há indícios de terem sido adquiridos com recursos provenientes de delitos. Lara instaurou inquérito para apurar os crimes de estelionato, falsificação de cartão e associação criminosa. Em relação à maconha, o delegado elaborou termo circunstanciado (TC) de porte de drogas.
Pandemia e golpes


Um dos suspeitos revelou durante depoimento que ele cria sites para a venda de mercadorias. Porém, o comércio virtual não se consumava de fato, porque os produtos anunciados e negociados nunca existiram. Consequentemente, não eram entregues, apesar dos pagamentos efetuados.


Este suposto líder da quadrilha é um dos universitários. Ele admitiu ter conhecimento na área de tecnologia, necessário para a prática dos golpes. Um colega seu de faculdade, outro alvo da investigação, disse que a pandemia do novo coronavírus os estimulou a “vender” produtos destinados à prevenção da covid-19, como máscaras e álcool em gel.


Porém, estes dois acusados negaram a falsificação de cartões bancários. Eles alegaram que os pediram emprestado aos respectivos titulares para receber os pagamentos dos produtos vendidos pela internet. Em contrapartida, os universitários remuneravam os laranjas com cerca de 10% dos valores transferidos para as contas cedidas à quadrilha.


Os demais suspeitos afirmaram que não tinham ciência dos delitos ou, pelo menos, não tiveram participação nos crimes. O resultado da perícia será fundamental para se saber a extensão dos golpes e a procedência dos cartões. Quem emprestou cartão sabendo do seu uso para fins criminosos também será indiciado.


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