Traficante do PCC chega ao Brasil e é levado para presídio no Paraná

Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, foi trazido da África, onde foi preso, em jato da Força Aérea Brasileira

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  19/04/20  -  23:33
Atualizado em 19/04/20 - 23:41
Fuminho foi levado para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná
Fuminho foi levado para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná   Foto: Divulgação/Polícia Federal

O megatraficante Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, de 49 anos, braço direito do líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), já está no Brasil. Em um jato da Força Aérea Brasileira (FAB), policiais federais o trouxeram de Maputo, capital de Moçambique. O avião decolou daquele país africano à 1h30 deste domingo (20h30, no horário de Brasília), chegando no início da tarde no território nacional.


O jato da FAB pousou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos. Na pista estava preparado um helicóptero da Polícia Federal (PF) para levar Fuminho à Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Sob forte esquema de segurança, ele saiu de um aparelho e entrou em outro, sendo removido ao presídio do Paraná.


Por questões de segurança, o destino de Fuminho só foi divulgado quando o jato da FAB pousou em Cumbica. O chefão do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, encontra-se na Penitenciária Federal de Brasília. Gilberto Aparecido dos Santos estava foragido havia 21 anos, desde quando escapou junto com Marcola, em 1999, da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru. Ele possui vários comparsas na Baixada Santista.


O advogado de Fuminho, Eduardo Durante, que é de Santos, tinha voo marcado para Maputo, em avião particular, nesta segunda-feira (20), mas abortou a viagem diante da notícia da transferência. “Tudo aconteceu na calada noite, a toque de caixa, sem processo de extradição e com uma expulsão realizada em tempo recorde”. Na tarde deste domingo (19), o defensor seguiu para Catanduvas na tentativa de conversar com o criminoso.


Ele foi levado para o Paraná em um helicóptero da Polícia Federal
Ele foi levado para o Paraná em um helicóptero da Polícia Federal   Foto: Divulgação/Polícia Federal

Serviço de inteligência


Fuminho foi preso na capital de Moçambique, no último dia 13, por agentes da Polícia Federal brasileira e policiais daquele país. O Drug Enforcement Administration (DEA), órgão norte-americano de combate às drogas, participou das investigações que resultaram na descoberta do seu paradeiro. Com o seu nome incluído na relação de procurados da Interpol, o criminoso estava hospedado em um hotel de luxo em Maputo.


Por ocasião da recaptura de Fuminho na África, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu nota. Segundo o comunicado, ele é “considerado o maior fornecedor de cocaína ao PCC e responsável pelo envio de toneladas da droga para diversos países”. O ministro Sergio Moro classificou a prisão do parceiro de Marcola como um “poderoso golpe” na organização criminosa.


Expulsão a jato


O Governo de Moçambique se livrou de Fuminho ao decidir pela sua “expulsão administrativa”, sob o fundamento oficial de “imigração ilegal”. O traficante deu entrada naquele país africano com passaporte falso. Mais dois passaportes falsificados e cerca de 100 gramas de maconha foram apreendidos no quarto do hotel de Maputo, o que, em tese, faria o brasileiro responder por tais crimes antes de ser extraditado ou expulso.


De acordo com Durante, com base no relato de advogados moçambicanos que contratou para lhe dar assistência naquele país, não se sabe se as autoridades de Moçambique realizaram algum acordo com o governo brasileiro, se simplesmente abriram mão de agir judicialmente contra Fuminho com a célere expulsão ou se darão sequência ao processo mesmo com o criminoso de volta ao Brasil.


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