Sindicato pede reforço para Polícia Civil

Entidade aponta que deficit de profissionais na corporação paulista disparou em cinco meses e já chega a 50% na Baixada Santista

Por: Nathália de Alcantara  -  03/08/20  -  15:48
Ocorrência foi registrada no 7º Distrito Policial de Santos, no Gonzaga
Ocorrência foi registrada no 7º Distrito Policial de Santos, no Gonzaga   Foto: Arquivo/AT

A Polícia Civil do Estado pede socorro com mais de 13,7 mil cargos vagos. Entre fevereiro e junho deste ano, houve uma perda média de 178 profissionais por mês. Na Baixada Santista, a categoria trabalha com uma defasagem de 50%.


De acordo com os dados divulgados pela ferramenta Defasômetro da Polícia Civil, criada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), em comparação com 2019, a perda de policiais entre fevereiro e junho cresceu 41%.


Segundo a presidente do órgão, Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, “o número é alarmante, porque a legislação estabelece que o Estado deve ter 41.912 policiais civis, mas na prática tem só 28.148”.


“Esse rombo compromete a segurança da sociedade. Criamos esse acompanhamento em 2017 para ver os números mês a mês, com a esperança de que a defasagem fosse minimizada. Mas o que aconteceu é que o efetivo não acompanhou o crescimento populacional”, explica Raquel.


Para ela, a principal vítima dessa situação é a sociedade, pois a Polícia Civil investiga os crimes e, desestruturando a categoria, as organizações criminosas são fortalecidas.


“Os números de violência só melhoram por conta do trabalho bem feito pelos profissionais que dão a vida pela polícia e exercem a função de até cinco pessoas. É muita falta de valorização”, desabafa a presidente da categoria.


Raquel diz ainda que os policiais que já têm tempo para aposentadoria estão protocolando seus pedidos, e o Governo Estadual não consegue repor os profissionais com a agilidade necessária. “O Governo de São Paulo precisa ser rápido para nomear os aprovados em concurso, para que a Polícia Civil possa realizar o trabalho de forma eficiente”.


Na Baixada Santista


De acordo com o presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil de Santos e Região (Sinpolsan), Márcio Pino, a defasagem de policiais civis nas delegacias da Baixada Santista é de 50%.


“Com essa redução, não dá para fazer o mesmo trabalho. Esse é o problema. A investigação acaba sendo prejudicada, sem contar o atendimento ao público e o esclarecimento de crimes”.


Outro problema, segundo Márcio, tem a ver com a subnotificação dos crimes, já que os cidadãos não querem esperar por horas nas delegacias para registrar um boletim de ocorrência.


“As pessoas não vão fazer a ocorrência e os números acabam não condizendo com a realidade. Ninguém espera por quatro horas porque teve a correntinha levada. O cidadão não vai se sujeitar a esse tipo de situação”.


A Secretaria de Segurança Pública foi procurada diversas vezes por A Tribuna, nos últimos dias, mas não respondeu sobre as queixas do Sindpesp até a publicação desta matéria.


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