Terminou, à 1 hora desta quinta-feira (6), a primeira audiência do Caso Baccará, ocorrida na Vara do Júri de Santos e sob a presidência do juiz Alexandre Betini. Em um dos momentos mais esperados da ação, o réu Thiago Ozarias Souza, um dos seguranças da casa, admitiu a autoria de 12 golpes no universitário Lucas Martins de Paula, de 21 anos, em julho deste ano, mas negou que as agressões tivessem causado a morte do estudante, atribuindo essa responsabilidade ao outro acusado presente ao Fórum, Sammy Barreto Callender, também segurança.
Segundo o advogado de Thiago, Pedro Furlan, na ocasião da morte de Lucas, seu cliente interrompeu as agressões voluntariamente após a sequência de golpes. No entanto, a vítima teria se levantado para reagir, motivando Sammy a golpeá-lo. Lucas, então, teria caído no chão, levando-o ao coma e à morte, dias depois.
Por sua vez, o defensor de Sammy, Mário Badures, nega participação de seu cliente nas agressões ao estudante. De acordo com ele, o segurança teria sido o último a sair da casa, contendo um dos amigos de Lucas enquanto o jovem era agredido.
Ainda segundo o advogado, Sammy colocou-se entre Thiago e o estudante, que, tonto, teria levantado e caminhado em direção aos seguranças. Temendo uma agressão, Sammy afastou a vítima com um golpe que, segundo o advogado, "não foi um soco, nem um gancho", e não tinha o objetivo de matá-lo. Por isso, seu cliente não poderia responder por co-autoria do crime.
Além dos dois réus presos, outras 25 testemunhas foram convocadas e compareceram para depor. Outras duas ainda irão se manifestar por meio de carta precatória. Ao todo, foram quatro os denunciados pelo promotor Fernando Reverendo Vidal Akaoui por homicídio triplamente qualificado: além de Thiago e Sammy, Anderson Luiz Pereira Brito, chefe dos seguranças, e Vitor Alves Karam, dono do bar. Ambos têm mandados de prisão decretados e estão foragidos.
Próximo passo
Com o final da audiência, o juiz Alexandre Betini abrirá prazo para o oferecimento de memoriais, ou seja, um tempo para que as partes envolvidas no processo (réus, Ministério Público e assistente de acusação) apresentem suas alegações finais. Em seguida, o magistrado irá decidir se o caso deve ser levado a júri popular.
Mas um desfecho para o caso pode demorar, já que os réus têm a possibilidade de apresentar recursos para todas as decisões. Além disso, o processo pode ser desmembrado, no futuro, pois apenas dois dos quatro réus estão, no momento, à disposição da Justiça, enquanto os outros seguem sendo procurados.