Quiosque de praia é incendiado e vítima tem que tirar fotos para perícia em Peruíbe

Proprietária afirma que incêndio foi criminoso. Segundo funcionário do Instituto de Criminalística, o pedido para mulher tirar fotos está respaldado por portaria

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  22/05/20  -  20:44
Comerciante ainda não soube estimar o prejuízo
Comerciante ainda não soube estimar o prejuízo   Foto: Arquivo pessoal

Incêndio destruiu o Quiosque Jureia, na orla da Praia de Peruíbe, à 1 hora desta sexta-feira (22). As chamas consumiram 100 mesas e 400 cadeiras de plástico, destruindo também o telhado e o balcão. A comerciante Vany Oliveira Santos, de 66 anos, não soube estimar o seu prejuízo. Em relação ao episódio, ela foi taxativa: “com certeza, foi criminoso”. Para completar o dissabor, coube à vítima a tarefa de fotografar o local para suprir carência do Estado na realização de perícia.


O Corpo de Bombeiros evitou que as chamas atingissem a parte interna do quiosque, onde ficam o estoque e outros utensílios. Presas a corrente e cadeado, as mesas e cadeiras estavam na área externa. A dona do estabelecimento compareceu ao local quando os bombeiros ainda ali estavam. O fogo já havia sido debelado.


Vítima faz perícia


O Jureia fica na praia do Balneário Flórida, próximo a um posto de salvamento do Corpo de Bombeiros. A comerciante afirmou não possuir inimigos e não ter ideia de quem possa ter incendiado o seu quiosque. Por orientação da Polícia Civil, ela retornou ao estabelecimento pela manhã, com o dia claro, para fotografar os estragos.


As fotos foram salvas em um pen drive, entregue na Delegacia de Peruíbe. De madrugada, quando o incêndio era registrado na repartição, o delegado Ednilson Mattos requereu perícia no quiosque. Porém, um perito do Instituto de Criminalística (IC) de Itanhaém, por telefone, lhe disse que a própria vítima deveria fotografar o local.


Segundo o funcionário do IC, a delegação passada à vítima decorre da pandemia da Covid-19 e está respaldada pela Portaria 91 da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC), que foi editada no último dia 18 de março e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Com as fotografias tiradas por estranhos, o órgão estatal produzirá o que se chama de “laudo indireto”. A Polícia Civil ainda não tem pistas da autoria do incêndio.


As fotos do incêndio foram salvas em um pen drive, entregue na Delegacia de Peruíbe
As fotos do incêndio foram salvas em um pen drive, entregue na Delegacia de Peruíbe   Foto: Arquivo pessoal

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