Quadrilha transforma suíte de hotel de Santos em escritório de golpes

Quadrilha especializada em golpes contra clientes bancários, com suposta atuação nacional, começou a ser desbaratada em Santos, na terça-feira-feira (25) à tarde, com a detenção de um jovem. Ele estava hospedado na suíte de um hotel no Gonzaga, transformada em escritório de crimes. Sem flagrante, o rapaz foi indiciado e liberado.

Com 29 anos de idade e morador em Praia Grande, o acusado estava sozinho no quarto do hotel quando ali chegaram policiais do 3º DP de Santos. Chefiados pela delegada Edna Pacheco Fernandes Garcia e pelo investigador Adriano Jorge de Mattos, os agentes apreenderam na suíte 22 máquinas de cartões de crédito e de débito.

Cada máquina continha uma etiqueta com informações sobre o respectivo dono. Os proprietários dos equipamentos são suspeitos de fornecê-los ao bando para possibilitar o cometimento de golpes. Também fazem parte da quadrilha motoboys, cuja incumbência é a de buscar os cartões bancários nas residências dos clientes vítimas.

Enredo do golpe

Um golpista telefona para a vítima e se intitula representante do banco ou de alguma operadora de cartão de crédito vinculada à instituição financeira. Depois, o estelionatário diz que o sistema de segurança do banco e/ou operadora detectou alguma compra ou saque suspeito, bloqueando a transação e o cartão.

A partir daí, o golpista ganha a confiança das vítimas e solicita a confirmação de alguns dados, como endereço, nome e senha. Sem desconfiar que estão sendo enganadas, elas passam as informações pessoais e sigilosas, porque acreditam no bloqueio do cartão e na sua substituição por outro, cujo código secreto de acesso ainda será definido.

Por fim, o estelionatário solicita a devolução do cartão “bloqueado” para um motoboy que será encaminhado pela gerência do banco até a casa da vítima, prometendo entregar um novo no dia seguinte. De posse do cartão, o bando realiza saques, compras pela internet, transferências e até empréstimos indevidos.

Mais de 70 anos

Antes de levar os cartões das vítimas ao hotel, os motoboys ainda passam em agências e os utilizam para imprimir cheques em terminais de autoatendimento. “É impressa a quantidade máxima possível de cheques para a prática de mais estelionatos. Por isso, acreditamos que a quadrilha tenha dezenas de integrantes”, disse Adriano de Mattos.

Após a detenção do acusado na suíte do hotel, cinco vítimas foram identificadas pela equipe do 3º DP de Santos. Todas têm mais de 70 anos de idade. O público-alvo da quadrilha são idosos e suspeita-se que ela tinha acesso a cadastros bancários para telefonar apenas para pessoas do perfil etário escolhido pelo grupo criminoso.

Os bancos e as operadoras de cartões de crédito alertam que não telefonam para os clientes para solicitar senhas e outros dados. Eles também nunca pedem a devolução de cartões com data de validade vencida ou bloqueados por clonagem ou outro motivo. Qualquer solicitação nesse sentido é golpe, devendo a polícia ser avisada imediatamente.