Responsável pelo inquérito policial que apura as circunstâncias da morte da estudante Kauani Christiny Soares Rodrigues, de 6 anos, o delegado Francisco Wenceslau, do 2º DP de Mongaguá, informou ontem que o autor confesso do crime alegou ter agido por vingança. “Ele declarou que a mãe da menina lhe negou comida e droga”.
Ainda conforme Wenceslau, o exame necroscópico realizado no Instituto Médico-Legal (IML) de Praia Grande apontou “causa indeterminada” para a morte da vítima. O resultado, porém, já era previsível. “O cadáver foi achado em uma vala com água, quatro dias após o homicídio, em adiantado estado de decomposição”, justificou o delegado.
Wenceslau não tem dúvidas de que houve homicídio, porque o próprio acusado, Rodrigo de Paula Sales, de 28 anos, admitiu que jogou a criança na vala. Segundo o rapaz, a menina estava viva, mas suspeita-se que a tenha matado antes mediante esganadura. Exames complementares ainda serão feitos e poderão esclarecer se Kauani morreu esganada ou afogada. No entanto, ambas as causas caracterizam asfixia – uma das qualificadoras do crime de homicídio e que o torna hediondo.
Como a criança estava com a calça arriada, também suspeita-se que tenha sido estuprada. Rodrigo nega abuso sexual, mas exames mais específicos foram requeridos pelo delegado. Wenceslau, contudo, reconhece que o estado do cadáver poderá prejudicar essa apuração.
Vídeo
Filmagem de uma câmera da Prefeitura foi encaminhada ao delegado. No vídeo aparece um homem de costas carregando algo, que supostamente seria a vítima. “Estamos tentando melhorar a qualidade das imagens, porque não podemos afirmar ainda que se trata do indiciado”, declarou Wenceslau.
Kauani estava desaparecida desde quarta-feira da semana passada. Eram cerca de 2 horas, quando a mãe da garota constatou que ela não estava na cama, onde foi deixada dormindo. A família reside em um imóvel no qual já funcionou um restaurante.
O local foi invadido por pessoas carentes e Rodrigo lá esteve na madrugada do desaparecimento, quando teria ocorrido uma festa no lugar. O antigo restaurante fica próximo à plataforma de pesca de Mongaguá e a cerca de dez quarteirões da vala onde foi achado o corpo da criança, às 17 horas de segunda-feira.
Prisão
O delegado Wenceslau autuou Rodrigo em flagrante por ocultação de cadáver, por se tratar de crime permanente, e o indiciou por homicídio qualificado. Com passagem por tráfico de drogas, o acusado foi submetido ontem de manhã a audiência de custódia. A Justiça decretou a sua preventiva e ele continuará preso.