Polícia investiga mulher por oferecer gotinhas para 'tratamento' da Covid-19 em Guarujá

Suspeita ministrava medicamentos sob o pretexto de aumentar imunidade de moradores de comunidades carentes da cidade. Autoridades apuram suposto curandeirismo

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  22/04/20  -  12:23
Polícia Civil de Guarujá apura suposto crime de curandeirismo
Polícia Civil de Guarujá apura suposto crime de curandeirismo   Foto: DIvulgação/GCM Guarujá

Uma mulher de 50 anos suspeita de ministrar medicamentos sob o pretexto de aumentar a imunidade de moradores de comunidades carentes foi conduzida à Delegacia Guarujá, no início da noite de segunda-feira (20). O delegado Thiago Nemi Bonametti registrou o caso para apurar o suposto crime de curandeirismo.


Intitulando-se “neuropsicopedagoga clínica e homeopata”, a mulher atendia pessoas em um salão situado sobre uma mercearia na Avenida Prefeito Raphael Vitiello, no sopé do Morro do Macaco. Força-tarefa integrada por guarda civis municipais e fiscais se dirigiram ao local após receberem denúncia de “aglomeração de pessoas”.


Uma fiscal disse que havia oito pessoas no salão, não se configurando aglomeração e violação ao decreto do prefeito Válter Suman (PSB), que estabelece restrições durante a pandemia do novo coronavírus como forma de prevenção à covid-19. Porém, surgiram indícios da prática de curandeirismo e a neuropsicopedagoga foi levada à delegacia.


Em vídeo que circulou nas redes sociais, a acusada convocou o público a comparecer ao salão: “Estarei medicando a medicina alternativa, homeopatia, para imunização, sem efeitos colaterais. Conto com vocês, estaremos aí amanhã”. Na filmagem, ela disse que estará “priorizando o atendimento dos idosos, 60 anos, e as demais pessoas”.


No momento da blitz, uma mulher de 67 anos era atendida. Vestida com jaleco branco, a acusada media a pressão da paciente e lhe ministrava uma solução em gotas. Os agentes da força-tarefa recolheram no local 21 caixas de produtos farmacêuticos, que seriam homeopáticos e doados por uma farmácia do ramo, segundo a neuropsicopedagoga.


A acusada alegou realizar um trabalho voluntário, sem nada cobrar. Segundo ela, além da doação dos medicamentos homeopáticos, ela teve o salão sobre a mercearia cedido sem qualquer custo. Acrescentou ainda a sua intenção de ampliar a sua ação para outras comunidades carentes, como já fazia.


Segundo o delegado Bonametti, “verifica-se a possibilidade da prática de curandeirismo, mediante a prescrição e aplicação de substâncias, ainda que a título gratuito”. A atividade exercida pela acusada não é regulamentada, mas ela ficou de apresentar diplomas e certificados para comprovar a sua boa-fé.


Os fiscais e guardas civis municipais também recolheram no salão fichas com os dados de pessoas que teriam sido atendidas pela acusada. Elas poderão ser intimadas para depor durante a investigação. O delegado requereu perícia para os supostos florais homeopáticos.


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