Pizzaiolo aparece em delegacia para depor e fica preso por matar esposa a facadas em Santos

Acompanhado de advogado, o pizzaiolo Paulo Diego Silva Santana, de 31 anos, compareceu à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, na segunda-feira (30) à tarde, para apresentar a sua versão sobre o feminicídio do qual foi vítima a sua companheira, a estudante Paola da Silva José Santana, de 24. Mas o que ele não sabia e esperava, e muito menos o seu defensor, é que ficaria preso.

Concluído o depoimento, a equipe de Karla Cristina Martins Pereira, titular da DDM, cumpriu mandado de prisão temporária por 30 dias de Paulo, expedido pela Vara do Júri de Santos. “A apresentação do indiciado não foi tão espontânea quanto possa parecer. Fazíamos várias buscas para localizá-lo e ele sentiu o cerco se fechando. Ainda pode ter imaginado que Justiça e Polícia Civil pararam devido ao coronavírus”, avalia a delegada.

Sob a orientação do advogado, o pizzaiolo tentou abrandar a sua conduta ao ser ouvido na DDM. Alegou que discutiu com a vítima por motivo fútil e ela o atacou com uma faca de cozinha, motivando a sua reação apenas com o propósito de desarmá-la. O desentendimento aconteceu no último dia 25 na residência do casal, no Caminho das Pedras, área do Morro da Caneleira conhecida por comunidade do Tetéu.

Testemunha

O relato de Paulo conflita com o de uma testemunha, vizinha do casal. Ela disse que o pizzaiolo agredia com constância a companheira, com quem tem um filho, de 3 anos. A mesma pessoa afirmou que foi ela quem prestou socorro à estudante, levando-a para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, após encontrá-la inconsciente, de bruços e com o rosto ensanguentado.

A testemunha também levou Paulo à UPA, de onde ele fugiu e não foi mais localizado, até comparecer à DDM com o seu advogado. Paola não resistiu aos ferimentos e faleceu momentos após dar entrada na unidade de saúde. Ela apresentava hematomas no olho direito e nos braços, além de uma facada no braço esquerdo. A delegacia especializada registrou o caso como feminicídio, cuja pena varia de 12 a 30 anos de reclusão.

Responsável pelo inquérito, a delegada Andréia Maria Arakaki requereu a prisão temporária de Paulo por 30 dias, por se tratar de crime hediondo, e teve o seu pedido acolhido pela Justiça.  Até o término deste prazo, ela pretender concluir a investigação e pleitear a preventiva do acusado, a fim de que ele aguarde ao julgamento na cadeia. De acordo com a titular Karla, a Polícia Civil apenas aguarda o envio de laudos.