PF investiga venda de vagas em faculdade de medicina; mandado é cumprido em Santos

Nos últimos cinco anos, R$ 500 milhões do Fies e Prouni foram concedidos de forma fraudulenta

Por: De A Tribuna On-line  -  03/09/19  -  17:04
  Foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência

A Polícia Federal deflagrou a Operação Vagatomia na manhã desta terça-feira (3) na cidade de Jales (SP). A investigação tem como alvo um esquema fraudulento de concessão dos benefícios de Financiamento Estudantil do Governo Federal (Fies) e venda de vagas e transferência de alunos estrangeiros para o curso de medicina em Fernandópolis (SP). Mandados judiciais foram expedidos para a cidade de Santos.


Estima-se que nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões em bolsas foram concedidos ilegalmente. Segundo apurado por A Tribuna On-line, a Polícia Federal cumpre os mandados judiciais na cidade de Santos nesta terça-feira e investiga o envolvimento de pais e alunos no caso. O dono da universidade e seu filho foram presos.


Aproximadamente 250 policiais federais cumprem 77 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Jales também nas cidades paulistas de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul e São João das Duas Pontes, além de Água Boa, no Mato Grosso.


Entre os mandados judiciais expedidos estão 11 prisões preventivas, 11 prisões temporárias, 45 ordens de busca e apreensão e 10 medidas cautelares (alternativas à prisão). A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões.


Até o momento, a universidade não quis se pronunciar sobre o ocorrido.


Investigação


A PF aponta que o líder da organização criminosa, responsável pela venda de vagas de um curso de medicina em Fernandópolis, é o próprio reitor da universidade. Negociações chegavam aos R$ 120 mil por aluno. O filho e sócio do empresário também participava do crime. Pai e filho tiveram prisão decretada nesta manhã, junto de funcionários e diretores associados ao esquema.


Entre os alunos que compravam vagas estão filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, isto é, pessoas com alto poder aquisitivo, que não deveriam ter acesso ao programa Fies. A PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.


A denúncia foi feita ao MPF por alunos regulares do curso de medicina, que foram ameaçados pelo dono da universidade de Fernandópolis. Tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades também foram realizadas pelos criminosos.


Investimentos


Os empresários estariam investindo os recursos obtidos com as fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior, de acordo com as investigações. Compras de aeronaves como helicóptero, jatinho e avião, e dezenas de veículos de luxo também foram registradas. Os bens foram bloqueados nesta terça-feira (3). Por outro lado, o campus de Fernandópolis sofre com a falta de recursos financeiros, que estão sendo desviados para empresas do grupo investigado.


Os presos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão. Eles serão ouvidos e posteriormente conduzidos para cadeias da região de cumprimento da prisão onde permanecerão presos à disposição da Justiça Federal.


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