Pescador confessa ter matado ex-esposa e diz estar arrependido

Acusado de matar a facadas a ex-mulher, às 5h30 da última sexta-feira (14), em Santos, o pescador Leandro Gonçalves Santana, de 36 anos, escolheu um barco abandonado para se refugiar e foi capturado na manhã de segunda-feira (17), em Bertioga. Conduzido à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, Leandro confessou o homicídio à delegada Fernanda dos Santos Souza e disse estar arrependido do que fez. Ele ainda alegou que tentou “conversar” com a vítima, que estaria impedindo-o de visitar o único filho do casal, de 6 anos.

“O indiciado disse que a vítima não quis dialogar e ele perdeu a cabeça, sacando a faca que trazia consigo para golpeá-la”, contou a delegada. A pedido da titular da DDM, a Justiça decretou a prisão temporária de 30 dias do pescador.

Por ser o homicídio qualificado crime hediondo, esse prazo pode ser prorrogado uma vez por idêntico período. Porém, a delegada quer concluir o inquérito nos próximos dez dias e pedir a preventiva de Leandro, para que ele aguarde ao julgamento preso.

“Apenas aguardo os laudos para juntar ao inquérito policial. Mas já sabemos extraoficialmente que a vítima levou quatro facadas, sendo duas no peito e duas na região do pescoço”, informou Fernanda.

O pescador foi encaminhado à cadeia do 5º DP de Santos, onde aguarda remoção ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Na hipótese de condenação, ele está sujeito a pena de 12 a 30 anos de reclusão.

O barco utilizado como refúgio pelo pescador estava ancorado próximo ao atracadouro das balsas que fazem a travessia Bertioga-Guarujá. Policiais militares acharam Leandro dormindo na embarcação e o levaram à Delegacia de Bertioga, onde se confirmou a sua condição de procurado.

“Ele confessou ter matado a mulher e, logo em seguida, veio o resultado da pesquisa criminal. Como a prisão temporária foi pedida pela DDM de Santos, entramos em contato com as colegas desta unidade, que vieram buscá-lo”, afirmou o investigador Paulo Eduardo Cunha.

Medida protetiva

Valquíria Ferreira Pedroso Santana, de 25 anos, foi atacada pelo marido na Rua da Paz, no Boqueirão, a poucos metros da padaria onde ela trabalhava como balconista.

Devido a ameaças de morte e agressões cometidas por Leandro, a jovem contava com medida protetiva de urgência, prevista na Lei Maria da Penha, que o impedia de se aproximar dela. O casal vivia junto há dez anos, mas estava casado havia um. No dia 13 de novembro, Valquíria compareceu à Delegacia de Guarujá para denunciar, pela primeira vez, os atos de violência de Leandro.

Na mesma data, ela mudou-se com o filho para a casa da mãe dela, requerendo depois à Justiça a medida protetiva de urgência. A balconista relatou na ocasião que o marido é “muito ciumento”, acusando-o de agredi-la há cinco anos.

Ao ser interrogado ontem na DDM de Santos, o pescador negou ser ciumento ou possessivo, atribuindo à mulher tais comportamentos, conforme informou a delegada. Desde a data do assassinato não havia dúvidas quanto à autoria do crime. Leandro foi identificado por meio das imagens de uma câmera de segurança e teve a temporária decretada no mesmo dia.