Mulher afirma ter sido espancada por policiais em Praia Grande: ‘Falavam que iam me matar’

Ela disse que pais presenciaram agressões e ameaças. Caso ocorreu na noite da última sexta-feira (6), após uma discussão de trânsito

Por: De A Tribuna On-line  -  09/09/19  -  12:44
Vítima conta que um conhecido registrou a cena
Vítima conta que um conhecido registrou a cena   Foto: Arquivo Pessoal

Uma mulher de 30 anos afirmou ter sido espancada por 12 policiais militares na noite da última sexta-feira (6), em Praia Grande. A vítima relatou que o episódio começou após uma discussão de trânsito, registrada como um caso de agressão por parte dela à um casal e dois policiais.


A mulher, que prefere não se identificar, conta que foi “fechada” por um carro. Este outro veículo teria iniciado uma perseguição, chegando a encostar por diversas vezes no automóvel da vítima. Segundo ela, o motorista jogou o carro na sua frente, desceu e começou a agredi-la. Numa tentativa de se soltar do agressor, ela acabou acertando uma outra passageira do veículo.


Assustada, a mulher relatou, em entrevista para A Tribuna On-line, que fugiu, pois achou que o homem fosse persegui-la. Nesse momento, ela disse que ligou para a polícia, mas não teve êxito. No caminho, dois policiais militares, em motocicletas, mandaram ela parar o carro. A mulher informou que iria parar o veículo mais para frente, próximo a uma borracharia. A partir daí, ela alegou que os policiais começaram a gritar.


Mulher afirma ter sido agredida por 12 policiais militares
Mulher afirma ter sido agredida por 12 policiais militares   Foto: Arquivo Pessoal

“Eu desci do carro e falei ‘poxa, eu estava tentando ligar para a polícia, ninguém me atende, agora você vai reagir assim comigo’. Aí vieram dois policiais em cima de mim, me jogaram com tudo no chão. Eu tentei me soltar. Nisso, eu xinguei, sim, o policial, e acertei um tapa nele. Aí, eles me colocaram dentro da viatura [...] Eles ficaram andando comigo pelas ruas da cidade, me xingavam, falavam que iam me matar, que iam me estuprar”, relatou.


A mulher conta ainda que um conhecido soube do episódio e comunicou aos pais dela do ocorrido. “Tinha uns doze policiais me xingando e me batendo. Eu só cheguei na delegacia porque os meus pais estavam lá e começaram a exigir que eu chegasse logo” afirmou.  


A vítima relatou para à Reportagem que quando chegou na delegacia, ficou no estacionamento e foi agredida por soldados da corporação. “Eu fiquei ainda no estacionamento sendo espancada. Minha mãe e meu pai presenciaram. Eles só pararam quando chegou o advogado”, relembrou.


A mulher afirmou que está sentindo muito medo depois do episódio e que evita até de sair na rua, por conta de possíveis represálias. “Eu estou com muito medo, estou com medo de sair na rua. Tenho um filho de 6 anos, sou uma pessoa de bem. As pessoas que seriam para defender a gente, que a gente paga com os nossos impostos, agem dessa forma. Passei por um constrangimento”, lamentou.  


Ela acabou sendo presa e passou a noite na delegacia. Pela manhã, ela foi encaminhada para uma audiência de custódia e, posteriormente, liberada.


Em nota, a Secretária de Segurança Pública do estado de São Paulo informou que o caso foi registrado na Delegacia de Praia Grande como embriaguez ao volante; lesão corporal; resistência; desacato; dano e injúria.


Vítima ficou com hematomas por todo o corpo
Vítima ficou com hematomas por todo o corpo   Foto: Arquivo Pessoal

O órgão afirmou ainda que, durante o registro da ocorrência, um motorista de aplicativo compareceu ao DP onde informou que a mulher em questão quase havia colidido em seu carro e que a mesma, bastante agressiva e agitada, havia lhe xingado e o agredido, fazendo o mesmo com a sua passageira.


A pasta completou dizendo que policiais militares faziam patrulhamento quando viram um HB20 fazendo ziguezagues pela via. Após acompanhamento, a motorista freou bruscamente quase colidindo com a viatura. Uma mulher desceu do veículo e, bastante alterada, passou a xingar os policiais militares. Ela resistiu a abordagem e agrediu os PMs, sendo conduzida à delegacia.


Segundo o advogado da vítima, uma denúncia será feita junto a corregedoria da Polícia Militar. Isso será realizada a partir do momento em que ele tiver o laudo do Instituto Médico Legal (IML) em mãos, que será liberado somente na quarta-feira (11). Segundo ele, o documento do IML liberado à delegacia não atesta embriaguez de sua cliente.


Solicitada para dar resposta sobre o caso, a Polícia Militar não se posicionou até a publicação da reportagem.


"Eles falavam que iam me matar", afirmou, mais de uma vez e visivelmente abalada   Foto: Arquivo Pessoal

Mulher diz ter sido espancada por policiais militares em Praia Grande
Mulher diz ter sido espancada por policiais militares em Praia Grande   Foto: Arquivo pessoal

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