A morte do universitário Lucas Martins de Paula, de 21 anos, completa seis meses nesta terça-feira (29). O jovem faleceu em decorrência de agressão praticada por seguranças da casa noturna Baccará, em Santos, em frente ao estabelecimento. Dos quatro réus, dois estão presos, e os demais permanecem foragidos.
“A dor é muito grande. Todo dia choro a perda do meu filho, que era o meu melhor amigo e companheiro para tudo”, desabafa o aposentado Isaías de Paula, de 52 anos, pai do estudante, que cursava o 4º ano de Engenharia Elétrica.
Amigos do estudante afirmam que ele foi espancado por reclamar do lançamento indevido em sua comanda de uma cerveja long neck no valor de R$ 15.
“Não consigo entender o porquê de tanta violência, simplesmente por contestar a cobrança de uma cerveja que ele não consumiu. O pior, agora, é que os criminosos presos dizem que não mataram o meu filho”, acrescenta Isaías.
Policiais do 3º DP de Santos elucidaram o crime, identificando quatro acusados: os seguranças Thiago Ozarias Souza e Sammy Barreto Callender; Anderson Luiz Pereira Brito, chefe da segurança, e o empresário Vitor Alves Karam, dono do Baccará.
O inquérito policial serviu de base para o Ministério Público (MP) denunciar os quatro acusados, que tiveram as prisões preventivas decretadas. Na iminência de serem localizados e detidos, Sammy e Thiago se apresentaram no distrito acompanhados de advogados.
Vitor e Anderson permanecem foragidos, mas a ação penal segue normalmente em relação a eles, porque constituíram advogados e, por meio dos seus defensores, tomam ciência dos atos processuais e podem se manifestar.
Praticante de jiu-jítsu, Thiago é apontado como quem desferiu uma sequência de 12 golpes contra a vítima, entre chutes e socos, até fazê-la cair desacordada. Os demais réus são acusados de nada terem feito para impedir a violência e de impossibilitarem que amigos de Lucas interviessem.
Agredido em frente ao bar, na madrugada de 7 de julho de 2018, o estudante morreu após ficar 22 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos.
O Baccará funcionava na Rua Oswaldo Cochrane, no bairro Embaré. Após o episódio, uma força-tarefa da prefeitura fiscalizou a casa noturna e suspendeu suas atividades. Ela operava com alvará provisório, sendo o definitivo negado, porque instalações do estabelecimento não cumpriam a legislação municipal.
Andamento processual
Segundo o advogado da família do universitário, Armando de Mattos Júnior, “nada que for feito trará o jovem Lucas ao seio de sua família. Esse episódio triste e inesquecível de Santos poderia ter sido evitado se casas noturnas como essa fossem, de fato, fiscalizadas”.
Em contrapartida, Mattos elogiou a Polícia Civil, “que esclareceu a autoria do homicídio rapidamente”, e os trabalhos da Justiça e do MP, “pelo andamento do processo”. Para encerrar a fase de produção de provas, faltam os depoimentos de duas testemunhas.
Indicadas pela defesa, essas testemunhas serão ouvidas por meio de carta precatória, porque não são da região. Em seguida, serão abertos prazos para o MP, o assistente da acusação e os advogados dos réus apresentarem as suas alegações finais.
Essas manifestações da acusação e defesa serão, em seguida, analisadas pelo juiz Alexandre Betini, que decidirá se existem indícios suficientes de autoria e prova de materialidade para submeter os réus a julgamento popular.
“Não queremos apenas o júri popular, mas a condenação dos quatro réus. Mas antes disso, os dois que permanecem foragidos devem ser capturados. Eu e a minha família tememos sofrer represálias, porque todos eles não têm freio moral e não podem ficar impunes”, finaliza o pai de Lucas.