Maior traficante do país, Fuminho tem ligações com criminosos da Baixada Santista

Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, foi preso nesta segunda-feira (13), na África

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  14/04/20  -  13:28
Fuminho foi preso por policiais federais em Moçambique
Fuminho foi preso por policiais federais em Moçambique   Foto: Divulgação

Apontado como o maior traficante do Brasil em liberdade, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, foi preso nesta segunda-feira (13) na África. Amigo e sócio do chefe máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC) na venda de drogas, ele estava foragido há 21 anos e teria ligações com criminosos da Baixada Santista.


Quando chegava em um hotel de luxo de Maputo, capital de Moçambique, vindo de uma clínica, Fuminho foi preso por agentes da Polícia Federal (PF) e policiais daquele país. Ele não reagiu e a sua extradição ao Brasil ainda não tem data definida. O seu advogado é de Santos e prepara a logística do voo que o levará à África para ver o cliente.


“A prisão está confirmada, mas ainda não tenho detalhes. O Gilberto tem contra si no Brasil dois mandados de prisão, sendo um antigo, de ação penal por associação para o tráfico que está suspensa, em São Paulo. O outro é de um processo de duplo homicídio, em trâmite no Ceará”, conta o advogado Eduardo Dias Durante.


“Ele é o maior fornecedor de drogas para o PCC e também amigo pessoal e sócio do Marcola. Fugiram juntos da Casa de Detenção de São Paulo, em 1999. Era o principal responsável por financiar e coordenar o plano de resgate do Marcola”, resume o promotor Lincoln Gakiya, profundo conhecedor do organograma da facção criminosa.


Fuminho foi à clínica para tratar de ferimento na parte inferior da perna direita, que seria erisipela. Ao apontar o suposto problema do cliente, Durante aproveitou para afastar comentários de que a lesão foi produzida por disparo de arma de fogo. “É problema de saúde mesmo, nada de tiro, facada”.


Nota do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) diz que Fuminho é “considerado o maior fornecedor de cocaína ao PCC e responsável pelo envio de toneladas da droga para diversos países”. Afirma ainda que ele é o primeiro integrante da lista dos criminosos mais procurados, elaborada pelo MJSP, a ser capturado.


O ministro Sergio Moro classificou a prisão de Fuminho como um “poderoso golpe” na facção criminosa. A PF o localizou após investigações conjuntas com o Drug Enforcement Administration (órgão norte-americano de combate às drogas). O membro do PCC estava hospedado em Maputo com um nigeriano e um brasileiro, também presos.


Ligações na região


O duplo homicídio do qual Fuminho é réu no litoral do Ceará aconteceu no dia 15 de fevereiro de 2018, em uma reserva indígena de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. As vítimas são Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, acusados de desviar dinheiro do PCC.


Segundo o Ministério Público, Fuminho planejou a execução com o aval de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Para isso, recrutou em Guarujá o piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais; Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro; Erick Machado Santos, o Rick da Baixada, e André Luis da Costa Lopes, o Andrezinho.


As vítimas viajavam no helicóptero pilotado por Felipe, que simulou um problema para pousar na reserva indígena e possibilitar o duplo assassinato. Na logística do crime, ainda conforme o MP, o grupo contou com a participação de Jefte Ferreira dos Santos, de Cubatão. Ele e a mãe providenciaram hospedagens para os comparsas em Fortaleza.


A execução de Gegê do Mangue e Paca causou um racha no PCC. Parceiros das vítimas, vingaram a sua a morte assassinando Cabelo Duro com tiros de fuzil uma semana depois, no momento em que ele chegavam em um flat de luxo na Zona Leste de São Paulo. Felipe, Andrezinho e Jefte já estão presos. Rick e a mãe de Jefte permanecem foragidos.


“A suposta participação de Gilberto no crime de Aquiraz não está comprovada. No processo não consta nada que o vincule à autoria intelectual das mortes, mas apenas ilações do Ministério Público cearense”, sustenta Durante. O advogado acrescenta que o cliente nunca esteve envolvido em planos para resgatar Marcola do sistema prisional.


LAdvogado Eduardo Dias Durante representa Fuminho
LAdvogado Eduardo Dias Durante representa Fuminho   Foto: Eduardo Velozo Fuccia/AT

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