Laudo atesta que assassino da menina Carlinha pode responder por crimes

Documento, solicitado pela defesa de Renato Mariano, mostra que réu tem plena consciência de seus atos

Por: Eduardo Velozo Fuccia & Da Redação &  -  25/12/18  -  19:15
  Foto: Reprodução/TV Tribuna

Um laudo de sanidade mental atestou que Renato Mariano, de 38 anos, tem plena consciência de seus atos e deve responder criminalmente pelo estupro e assassinato da estudante Carla Roberta Barbosa, a Carlinha, de 9. Os crimes ocorreram no dia 29 de janeiro de 2017, no cômodo alugado onde o acusado residia, em um cortiço da Rua Amador Bueno, no Paquetá.


O juiz Alexandre Betini, da Vara do Júri de Santos, ordenou que o réu fosse submetido ao exame para verificar a sua saúde mental, a partir de pedido feito pelo seu advogado. Porém, apesar do laudo, o julgamento popular de Renato ainda não pode ser marcado, porque há um recurso da defesa pendente.


Depois de o resultado do exame de sanidade ser homologado por Betini, a juíza Lívia Maria de Oliveira Costa decidiu que Renato deve ir a júri. Nesta decisão, não há análise de mérito, mas o reconhecimento da existência de prova da materialidade do crime e de indícios suficientes de autoria para submeter o réu ao plenário do júri.


A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que ainda não se manifestou, mas deverá confirmar a realização do julgamento popular. Exame de DNA vinculou o acusado à barbárie contra Carlinha. Enquanto isso, o réu continua na Penitenciária José Parada Neto, a P-I de Guarulhos, em razão de preventiva.


Considerando o tempo médio que o TJ-SP leva para julgar recursos contra decisão favorável à submissão do réu a júri, na hipótese de acusados presos, o promotor Fernando Reverendo Vidal Akaoui acredita ser provável a realização do julgamento popular de Renato no segundo semestre de 2019. Porém, isso é apenas uma expectativa.


Ao réu são atribuídos os delitos de estupro de vulnerável, punível com reclusão de 8 a 15 anos, e homicídio qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos. As qualificadoras do assassinato são: meio cruel, emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e intenção de assegurar a impunidade de outro crime.


O médico Guilherme Zanutto Cardillo examinou o corpo de Carlinha. Sobre o abuso sexual, ele constatou que a criança sofreu “elevada violência”, devido às lesões internas detectadas. “Asfixia mecânica por sufocação direta” foi a causa da morte apontada pelo legista, porque a vítima teve a boca e o nariz tapados pelo criminoso.



Exame de DNA


Comparação genética entre material coletado nas partes íntimas da vítima e objetos apreendidos no quarto de Renato (barbeador descartável usado e duas escovas de cabelo) teve resultado positivo. O exame foi realizado pelo Laboratório de DNA, do Núcleo de Biologia e Bioquímica do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo.


O mesmo tipo de perícia descartou as suspeitas que inicialmente recaíram sobre outros cinco homens. O crime foi esclarecido pelo Setor de Homicídios da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas) de Santos. Carlinha morava em outra habitação coletiva da Rua Amador Bueno, distante cerca de 70 metros do cortiço de Renato.


Após o crime, ainda antes de anoitecer, o réu utilizou um carrinho de supermercado para transportar o corpo da criança até a Rua da Constituição, próximo ao Porto. O trajeto foi de pouco menos de 500 metros, sendo o cadáver achado por uma coletora de materiais recicláveis na mesma data.


A Secretaria da Segurança Pública ofereceu recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o paradeiro de Renato Mariano. A sua captura ocorreu no dia 21 de agosto de 2017. Ele estava em uma igreja de Campinas, que realiza o acolhimento de moradores de rua. Na mesma data, o acusado foi trazido para Santos.


O réu já foi condenado por roubo e furto, respectivamente, em 2002 e 2008. Porém, o seu perfil sádico ficou destacado em 2016, quando uma ex-companheira o acusou de amarrá-la e introduzir um objeto em suas partes íntimas. A sanidade mental de Renato foi atestada por peritos médicos da Área de Psiquiatria Forense do Fórum de Santos.


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