Líder feminina do PCC na Baixada Santista é capturada em Santos

Catrina foi presa em na Vila Mathias. Ela tem atuação relevante nos tribunais do crime promovidos pela facção criminosa

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  07/11/20  -  10:40
Catrina foi presa por policiais militares, em Santos, na última quarta-feira (4)
Catrina foi presa por policiais militares, em Santos, na última quarta-feira (4)   Foto: Divulgação/Polícia Militar

Apontada pelo Ministério Público (MP) como a maior liderança feminina do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região, Silvia Helena Peixe Roseno, a Catrina, de 45 anos, foi capturada por policiais militares, em Santos, na tarde de quarta-feira (4). Ela teria atuação relevante nos tribunais do crime promovidos pela facção.


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Os PMs realizavam patrulhamento pela Vila Mathias e tiveram a atenção voltada para a mulher. Em pé na frente de uma casa na Rua Henrique Ablas, que afirmou ser o endereço de sua sogra, Catrina demonstrou apreensão ao notar a aproximação de motos do 2º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), motivando a abordagem.


De imediato, Catrina se identificou e admitiu estar procurada. A equipe do 2º Baep apurou que contra ela há mandado de prisão preventiva referente a processo da 3ª Vara Criminal de São Vicente sobre o delito de integrar organização criminosa. A ação penal tem mais sete réus.


Conduzida ao 4º DP de Santos para a adoção das formalidades de praxe, antes de ser recolhida ao sistema prisional, Catrina foi submetida a uma pesquisa de antecedentes mais aprofundada. Investigadores da unidade apuraram que a mulher está condenada por tráfico de drogas e é foragida da Justiça há dois anos.


A pena de Catrina é de cinco anos de reclusão. Em agosto de 2018, ela estava no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Feminino do Butantan, na Zona Oeste de São Paulo, e foi beneficiada com a saída temporária do Dia dos Pais. Ao não retornar ao estabelecimento no prazo estipulado, passou a ostentar a condição de foragida.


Diálogos monitorados


O MP denunciou Catrina por integrar organização criminosa e requereu à Justiça a sua prisão preventiva em janeiro deste ano. A ação penal tem por base procedimento criminal do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Com autorização judicial, o órgão interceptou conversas telefônicas dos investigados.


Os diálogos são reveladores. Em um deles, a própria Catrina confirma a um interlocutor ser a responsável pela “disciplina geral da restrita feminina”, ou seja, incumbida de manter a ordem nas cadeias femininas. Porém, mais conversas mostram que a voz de comando da mulher ia muito além dos muros dos estabelecimentos prisionais.


Em outro telefonema, Catrina intervém em uma briga de casal. Um homem bateu na companheira grávida e a acusada determina o sequestro do agressor até a cúpula da facção definir a punição a ser aplicada. Ao saber do registro de boletim de ocorrência por parte da vítima, ela avisa que o “PCC só toca o caso” se a queixa for retirada.


Em mais uma ligação interceptada, Catrina comenta sobre outra sessão do tribunal do crime: “De tanto apanhar, a vítima teve convulsões e desmaios”. Ao justificar a preventiva da mulher e dos demais denunciados, o Gaeco destacou que o exercício de funções de comando no PCC, “por si só, evidencia a concreta periculosidade destes agentes”.


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