Líder do PCC morto em confronto em Praia Grande era homem de confiança de Marcola

Claudio José Pinheiro de Freitas, de 36 anos, morreu após troca de tiros com policiais da Rota na segunda-feira (14), no bairro Aviação

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  15/09/20  -  09:05
Cláudio, à esquerda, era homem de confiança do traficante Marcola
Cláudio, à esquerda, era homem de confiança do traficante Marcola   Foto: Reprodução

Um dos 12 alvos a serem capturados na Operação Sharks (tubarões, em português), deflagrada pelo Ministério Público (MP) paulista contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), Cláudio José Pinheiro de Freitas, de 36 anos, morreu em tiroteio com policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O confronto aconteceu nesta segunda-feira (14), em Praia Grande. O acusado possuía em seu apartamento pistola alemã, oito explosivos, colete à prova de balas, reais, dólares e guaranis (moeda paraguaia). Na linha de sucessão do crime, Cláudio era tido como um homem de confiança de Marcola.


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Com diversas passagens e endereço oficial em Diadema, na região do ABC, conforme a sua ficha criminal, Cláudio estava morando em um edifício de classe média alta na Avenida Dona Ophelia Caccerari Reis, 404, no Aviação, em Praia Grande. Os policiais da Rota bateram à porta do apartamento do acusado às 6h, mas ele não a abriu.


Autorizados pela Justiça a prender Cláudio, revistar o imóvel e apreender tudo o que encontrassem de ilícito ou fosse do interesse das investigações do MP, os policiais da Rota arrombaram a porta do apartamento. O grupo de elite da Polícia Militar foi recebido a tiros pelo acusado, que portava uma pistola alemã Luger calibre 9 milímetros.


A reação foi imediata e à altura. Portando fuzil e pistola calibre .40, um tenente e um cabo, respectivamente, revidaram com quatro e dois disparos. Os policiais saíram ilesos ao confronto e atingiram Cláudio, que morreu antes da chegada de uma equipe de resgate. Debaixo do sofá da sala foram apreendidos um colete balístico e oito explosivos.


Para o manuseio, o transporte e a posterior detonação dos explosivos com segurança, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), outra unidade de elite da PM, foi acionado. Durante buscas pelo apartamento, os policiais da Rota recolheram quatro iPhones, pen drive e papéis, porque eles podem conter informações sobre a facção e os seus membros. O material foi lacrado e será encaminhado para a análise dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).


Linha sucessória


Desde fevereiro de 2019, quando a Justiça transferiu a cúpula do PCC para penitenciárias federais, a pedido do MP, a facção tenta se reorganizar com a indicação de integrantes para postos de comando. Por meio da Sharks, o Gaeco identificou os novos líderes e as suas respectivas posições no organograma do partido do crime.


A partir deste levantamento, foram requeridos 12 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão à 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. Com o apoio de equipes da Rota, as ordens judiciais foram cumpridas simultaneamente na Capital, na Região Metropolitana de São Paulo, em Praia Grande e no Interior. Apenas quatro alvos foram capturados. Há suspeitas de que alguns procurados estariam na Bolívia, no Paraguai e até no continente africano.


Na nova hierarquia, o homem morto em Praia Grande assumiu o Setor do Raio-X – órgão de consulta da Sintonia Final, responsável pela comunicação entre a cúpula solta e todas as demais funções da facção. Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, é o chefe máximo do PCC, ocupa a Sintonia Final e está preso na Penitenciária Federal de Brasília.


De acordo com o MP, as provas colhidas revelaram que a cúpula da facção movimenta mais de R$ 100 milhões anualmente. A maior parte do dinheiro é oriunda do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes. Tudo é submetido a rigoroso controle em planilhas. Para ocultar centenas de milhares de reais semanalmente, os investigados compravam veículos e usavam imóveis com fundos falsos, onde guardavam dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes, por intermédio de doleiros.


Um dos alvos da operação, indivíduo veio a óbito após troca de tiros com a Rota no bairro Aviação
Um dos alvos da operação, indivíduo veio a óbito após troca de tiros com a Rota no bairro Aviação   Foto: Nina Barbosa/AT

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