Irmã de adolescente morto em confronto com a PM desabafa: 'Ele não possuía arma'

Segundo a PM, adolescente de 17 anos morreu após trocar tiros com policiais no Chico de Paula, em Santos

Por: Eduardo Velozo Fuccia & Da Redação &  -  24/05/19  -  12:15
Caso aconteceu na Travessa São Jorge, no Chico de Paula, em Santos
Caso aconteceu na Travessa São Jorge, no Chico de Paula, em Santos   Foto: Reprodução/Google

“Não houve tiroteio. A pistola apreendida não era dele. Ele sequer possuía arma. Só correu assustado porque os PMs já chegaram atirando e o balearam”.


O desabafo é de uma manicure de 21 anos. O irmão dela, de 17, foi morto na manhã de segunda-feira (20), no Chico de Paula, durante suposto confronto com policiais militares, de acordo com a versão dos agentes.


A jovem, no entanto, garante que há testemunhas de que o irmão adolescente, além de não atirar nos policiais, também estava desarmado. Segundo a manicure, ele apenas correu com medo, devido aos disparos efetuados pelos PMs.


“O meu irmão caiu baleado na maré e foi retirado de lá pelos PMs. Depois, eles atiraram para o alto e disseram que houve tiroteio”, prosseguiu a manicure.


Já os policiais afirmaram na Delegacia de Infância e da Juventude (Diju) de Santos que o adolescente portava uma pistola .40, calibre de uso restrito, e abriu fogo contra eles.


Pesquisa revelou que o armamento pertence à PM paulista e foi furtado de uma casa de veraneio em Itanhaém, no ano de 2015. Sobre a arma, a manicure enfatizou: “Foi forjada”.


Simultaneamente ao alegado tiroteio, os policiais prenderam dois rapazes em um barraco, no Chico de Paula, no qual havia grande quantidade de drogas já embaladas para a venda a varejo.


Apesar de adultos, estes jovens também foram conduzidos à Diju e a delegada Thelma Kássia da Silva os autuou em flagrante por tráfico. A prisão deles foi convertida em preventiva após audiência de custódia.


Inquérito concluído


O inquérito policial referente ao flagrante foi concluído e enviado à Justiça. Do mesmo modo, a delegada remeteu à Vara da Infância e da Juventude a parte da ocorrência relacionada ao adolescente, registrada como “morte decorrente de intervenção policial”.


De acordo com Thelma, o trabalho da Polícia Civil já está finalizado, embora ainda faltem os laudos do exame necroscópico e das perícias nas armas dos PMs e na pistola que estaria com o adolescente.


A delegada também espera os resultados dos exames residuográficos no adolescente e nos PMs que participaram do suposto confronto. Esse tipo de perícia objetiva detectar vestígios do uso recente de arma de fogo nas mãos dos examinados.


“Quando chegarem esses laudos, os remeteremos à Justiça porque já relatamos o inquérito”, explicou Thelma. Por esse motivo, eventuais fatos novos, como o reportado pela irmã do adolescente, ainda conforme a delegada, devem ser comunicados diretamente ao Ministério Público, sem prejuízo de a Corregedoria da PM ser também acionada para a adoção das providências cabíveis.


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