Homem que matou 5 e se suicidou tinha ordem judicial para se afastar da mulher

Ex-amante do assassino acreditava ser ele o pai do filho dela e ajuizou ação de paternidade. Porém, exame de DNA descartou vínculo genético entre o homem e a criança

Por: Eduardo Velozo Fuccia & Da Redação &  -  06/12/19  -  09:13
Perícia chegou ao local por volta das 8h30 da manhã, sem previsão de retirar corpos
Perícia chegou ao local por volta das 8h30 da manhã, sem previsão de retirar corpos   Foto: Addriana Cutino/TV Tribuna

Com histórico de violência doméstica contra a atual mulher, de quem deveria se manter afastado por determinação judicial, um homem a baleou na cabeça, ferindo-a gravemente. Em seguida, dizimou uma ex-amante e a família dela, matando cinco pessoas. O ataque de fúria cessou com o atirador se suicidando com um disparo na cabeça.


A tragédia aconteceu quinta-feira (5) em dois bairros de São Vicente. A ex-amante do eletricista Alex Sander Correia, de 48 anos, acreditava ser ele o pai do filho dela e ajuizou ação de paternidade. Porém, recente resultado de exame de DNA descartou vínculo genético entre o homem e a criança, um menino de 8 anos. O garoto só não morreu porque conseguiu sair da casa da mãe durante a chacina.


Medida não protegeu


Vítima de violência doméstica, Renata Maria dos Santos, de 40 anos, obteve medida protetiva de urgência, prevista na Lei Maria da Penha, que obrigava Alex a se manter afastado do lar e dela. As restrições foram impostas ao eletricista pelo juiz Rodrigo Barbosa Sales, da 3ª Vara Criminal de São Vicente, no dia 3 de agosto de 2018.


O magistrado também proibiu Alex de frequentar o local de trabalho de Renata, um supermercado em Santos. Ao justificar a aplicação das medidas protetivas, ele reconheceu que “a conduta do agressor significa um constante risco à integridade física e moral da vítima”. Porém, Sales indeferiu a expedição de mandado de busca e apreensão para localizar e recolher eventual arma de fogo de Alex.


O juiz ponderou que a própria vítima poderia informar a polícia sobre a existência de armamento, possibilitando a sua apreensão. Alex tinha um revólver calibre 38 e o usou na chacina seguida de suicídio. Não se sabe se Renata tinha ciência desta arma. A única certeza é a de que ela acolheu o companheiro no lar, apesar da medida protetiva, porque ele ficou desempregado. Mesmo com a decisão judicial, a mulher continuou vulnerável.


Três pessoas foram mortas e uma ficou ferida na Rua Gabriel Passos, no Jóquei Clube
Três pessoas foram mortas e uma ficou ferida na Rua Gabriel Passos, no Jóquei Clube   Foto: De A Tribuna On-Line

Primeiro ataque


Não se sabe as exatas circunstâncias do atentado de Alex contra Renata. Por volta das 5h30, policiais militares foram acionados para checar a ocorrência de disparos na residência do casal, na Avenida Vereador Valter Melarato, no Humaitá, e se depararam com a mulher baleada na cabeça e no braço direito.


Em estado grave, a vítima foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal de São Vicente. A filha do casal, de 21 anos, também estava na casa, e escapou ilesa. Alex fugiu, até então para local ignorado, pilotando a sua moto Honda Titan CG 150.


Explosão de fúria


Os próximos alvos do eletricista foram a auxiliar de limpeza Margarete Neto Pinheiro de Jesus, de 41 anos, que promoveu a investigação de paternidade, e a família dela. Essas vítimas residiam em duas casas que ficam no mesmo terreno, na Rua Gabriel Passos, no Jóquei Clube.


Com o revólver 38 usado para balear Renata, Alex invadiu as moradias da família de Margarete e abriu fogo pouco depois das 6h. A arma tem capacidade para seis munições e estima-se que foi recarregada duas vezes pela quantidade de tiros efetuados. Sem chance de defesa, as vítimas do Jóquei Clube foram executadas com tiros na cabeça.


Além de Margarete, morreram a irmã dela, Maísa das Graças Pinheiro Silva, de 39 anos; Larissa Pinheiro do Monte, de 19, filha de Maísa e sobrinha de Margarete; e Daulira das Graças Neto Neves, de 66, mãe de Margarete e Maísa. Marido de Daulira, Carlos Alberto Neves, de 57 anos, fugiu da casa gritando por socorro, mas o eletricista o perseguiu e também o assassinou a tiros na Rua Carijós, que fica nas imediações.


Com exceção de Maísa, que chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Municipal de São Vicente, onde faleceu logo após dar entrada, as demais mulheres foram achadas mortas em locais diferentes dos imóveis. O marido de Maísa conseguiu se salvar junto com o filho, de 7 anos, porque se trancou dentro de um quarto. O filho de Margarete, de 8 anos, correu para a rua e um vizinho o abrigou.


Desfecho


Alex ainda tinha munição e retornou para a casa onde morava com Renata. Não se sabe se apenas pretendia fugir ou planejava dar continuidade aos homicídios em série. Quando se aproximava da residência com a sua moto, ele se deparou com policiais militares na porta e se matou com um tiro na cabeça. Antes, gritou “entrega isto para a minha filha”, jogando no chão a sua carteira com documentos e a quantia de R$ 1.278.


Logo A Tribuna
Newsletter