Erro em número de celular faz autônoma ficar 13 dias presa por suspeita de integrar o PCC

Inocente, Arlete dos Reis Guimarães foi detida durante operação da Polícia Civil

Por: Rafael Motta  -  19/02/20  -  19:41
Inocente, Arlete dos Reis Guimarães foi detida durante operação da Polícia Civil
Inocente, Arlete dos Reis Guimarães foi detida durante operação da Polícia Civil   Foto: Divulgação

Uma autônoma, confundida com uma acusada de distribuir dinheiro oriundo do tráfico de drogas a integrantes de uma organização criminosa, ficou presa, indevidamente, por 13 dias. Arlete dos Reis Guimarães, de 38 anos, teve a inocência provada ao se constatar que ela não era a titular de uma linha telefônica usada para contatar outros suspeitos.


Arlete foi uma das oito pessoas capturadas, em 22 de novembro, na Operação 3Terabyte. A ação decorreu de um inquérito aberto na Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Itanhaém. As prisões ocorreram em Itanhaém, Praia Grande e Cubatão. Os detidos eram apontados como membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).


Para a polícia, Arlete era uma acusada apelidada por 'Menina', cuja voz constava em gravações interceptadas — e que a autônoma negou ser dela. Sua mãe teve a casa vistoriada durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.


Porém, em 4 de dezembro e após três pedidos de soltura negados, a advogada de Arlete, Angela Regina Monfardini, apresentou um extrato de ligações fornecido pela operadora de telefonia Vivo, da qual a autônoma comprou um chip com o número da linha.


Ao comparar o relatório de chamadas entregue pela advogada com o que havia sido obtido nas investigações, o delegado Bruno Mateo Lázaro, da Dise de Itanhaém, concluiu que o número e a verdadeira investigada eram outros: a troca de um algarismo no número da linha havia levado a polícia a concluir, por engano, que Arlete era suspeita.


Inocência


A Dise confirmou a inocência da autônoma com dois outros fatos. Um deles, o de que um dos investigados presos na operação disse não conhecer Arlete. Outro motivo foi uma nova análise das chamadas telefônicas feitas pela linha desse suspeito para esse número, que comprovou a inexistência de contato entre ele e a mulher.


Após se constatar o erro, a Dise o informou à Justiça, e Arlete foi solta da Cadeia Pública Feminina anexa ao 2º Distrito Policial (DP) de São Vicente. O trecho do processo judicial referente a ela foi arquivado.


'Parâmetros'


Em nota da Secretaria Estadual de Segurança Pública, “a Polícia Civil esclarece que o pedido da prisão temporária foi solicitado dentro dos parâmetros definidos pela Lei 7.960/19 (na verdade, de 1989) e decretada pela Justiça. Os demais investigados seguem presos no aguardo da decisão judicial. Mais detalhes das investigações não podem ser divulgados devido ao sigilo do caso”.


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