Enfermeira que se passava por médica é detida pela Polícia Civil em Santos

Após o registro da ocorrência, ela foi liberada, mas responderá a inquérito policial

Por: Eduardo Velozo Fuccia & Da Redação &  -  24/10/19  -  11:39
Polícia apreendeu diversas receitas prescritas pela enfermeira que se passava por médica em Santos
Polícia apreendeu diversas receitas prescritas pela enfermeira que se passava por médica em Santos   Foto: Divulgação/Polícia Civil

Uma enfermeira que se passava por médica para realizar procedimentos estéticos em clientela considerada VIP foi detida na manhã de quarta-feira (23) em Santos. Ela foi liberada após o registro da ocorrência, mas responderá a inquérito policial.


Depois de apuração prévia, policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) revistaram o consultório e o apartamento da acusada. Eles ficam, respectivamente, no Boqueirão e na Ponta da Praia.


“Solicitamos mandados de busca e apreensão para vistoriar os dois locais. Em ambos recolhemos materiais de interesse à apuração policial”, informa o chefe dos investigadores Paulo Carvalhal.


A enfermeira Mithla Gonçalves de Oliveira, de 41 anos, atendia os pacientes em um consultório no Edifício Helbor Oficces Vila Rica, na Avenida Conselheiro Nébias, 754.


De acordo com o delegado Leonardo Amorim Nunes Rivau, a acusada se apresentava aos pacientes como médica “dermato”. Para alguns, ainda teria dito que cursou Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF).


Pelo suposto exercício ilegal da medicina, foi elaborado termo circunstanciado (TC). O crime é considerado infração de menor potencial ofensivo e não se impõe aos acusados prisão em flagrante, devendo o delito ser apreciado pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim).


Vários medicamentos ministrados durante os procedimentos e fichas de pacientes apreendidos evidenciam não apenas o exercício ilegal da medicina por parte da enfermeira, como as elevadas quantias que ela angariava com essa prática.


Os investigadores também constataram o descarte de curativos e outros materiais em uma lixeira do consultório, aparentemente, em condições de higiene inapropriadas.


“É importante que as pessoas, antes de se submeterem a qualquer procedimento médico, verifiquem se o profissional está regularmente inscrito no Conselho Regional de Medicina (CRM)”, orienta Leonardo Rivau.


O delegado também aconselha os interessados a checar se o profissional, ainda que seja médico, é de fato habilitado na especialidade à qual se propõe a atuar.


Material utilizado pela suspeita em consultas médicas foi recolhido pela polícia
Material utilizado pela suspeita em consultas médicas foi recolhido pela polícia   Foto: Divulgação/Polícia Civil

Carimbos e receitas


Além das fichas e dos medicamentos, os investigadores da DIG apreenderam receitas prescritas por Mithla, porém, com carimbo de outros médicos, sendo as assinaturas falsificadas.


“Foram encontrados na bolsa da autora dois carimbos de médicos diferentes, sendo que eles afirmaram não os terem emprestado ou fornecido à acusada”, declara Rivau.


Os policiais também recolheram uma receita com carimbo constando o nome da enfermeira. Ela está identificada como “médica” e usa como se fosse seu o número de inscrição no CRM/SP de um médico verdadeiro. Esse carimbo também foi apreendido em posse da acusada.


Inquérito policial será instaurado para apurar os supostos crimes de falsificação de documentos, falsidade ideológica e furto de receitas e carimbos médicos. Os profissionais que tiveram os dados utilizados pela enfermeira serão intimados para depor na DIG.


Mutirões do botox


Há denúncias sobre outras clínicas de estética clandestinas na cidade. Algumas delas realizariam mensalmente, inclusive, “mutirões do botox”, sem a supervisão de profissional responsável. Os preços cobrados seriam inferiores ao de mercado, atraindo dezenas de pacientes.


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