Dono de supermercado é preso por receptar 4 toneladas de mercadorias roubadas

Suspeito de receptar cerca de quatro toneladas de mercadorias roubadas, em sua maioria frango congelado, o dono de um supermercado no Morro da Nova Cintra, em Santos, foi preso em flagrante. Os produtos estavam no comércio do indiciado e no mercado de uma irmã, no Morro São Bento.

O delegado Leonardo José Piccirillo, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), autuou o comerciante, de 42 anos, por receptação qualificada – aquela cometida no exercício de atividade comercial. O suspeito já possui passagem por esse crime, cuja pena varia de três a oito anos de reclusão.

O flagrante aconteceu na última quarta-feira (19). No dia seguinte, durante audiência de custódia no Fórum de Santos, a Justiça concedeu liberdade provisória ao comerciante, mediante o pagamento de fiança de dez salários mínimos (equivalente a R$ 9.980).

Roubos de carga

A DIG possui um setor de repressão a furtos e roubos de cargas. Recentemente, os policiais da delegacia especializada tiveram a atenção voltada para alguns crimes, cujas vítimas foram rendidas em bairros diversos e levadas pelos assaltantes ao Morro São Bento.

“Os motoristas e os seus ajudantes foram mantidos reféns no São Bento, ali permanecendo em cárcere privado até serem retiradas dos veículos as cargas que transportavam”, contou ontem o delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, titular da DIG.

Apurando estes casos, a equipe de Lara e do investigador Paulo Carvalhal identificou três ladrões. Eles tiveram as prisões temporárias decretadas, mas os seus nomes ainda não foram divulgados pela Polícia Civil, porque estão foragidos e as investigações prosseguem para descobrir outros membros da quadrilha.

Receptação

A partir da identificação dos autores dos roubos, os policiais apuraram que eles levaram parte das mercadorias para um mercado na Rua Dois, no Morro São Bento. No frigorífico desse comércio, havia parte do frango de um dos três assaltos esclarecidos.

Funcionários do estabelecimento alegaram que o frango, na realidade, pertence ao proprietário de um supermercado localizado na Avenida Santista, no Nova Cintra.

“Ele não tinha mais espaço em sua câmara frigorífica para estocar o frango receptado. Então, pediu para guardar o excedente no mercado da irmã, no São Bento. A mulher comprovou isso, exibindo anotações que registram a entrada da mercadoria e as quantidades que chegaram a ser retiradas pelo irmão”, disse Lara.

Após apreenderem o frango no comércio do São Bento, os investigadores foram ao supermercado do Nova Cintra, onde acharam mais frango de procedência criminosa. Neste estabelecimento, também havia 54 garrafas de vinho e 78 pacotes de café roubados.

Os policiais ainda recolheram no supermercado do Nova Cintra 27 caixas de carnes variadas sem nota fiscal e R$ 6.561 que estavam no escritório. As caixas que acondicionavam o frango congelado totalizaram 232. Quase 100% deste produto foi recuperado e restituído à vítima.

O suspeito admitiu a aquisição das mercadorias aprendidas, sem nota fiscal, e alegou não saber o nome do fornecedor. Na DIG, orientado por advogado, ele invocou o direito constitucional de permanecer em silêncio. Segundo o delegado Lara, ele enviará ofício à prefeitura para que se verifique a situação dos dois mercados sob o aspecto administrativo.