Delegado de São Paulo tem o pior salário de todo o País: 'Desprezo com a segurança pública'

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Santos e Região (Sinpolsan), Renato Martins, diz que não é de hoje que a carreira policial é desprestigiada.

Por: Nathália de Alcantara  -  06/01/21  -  16:06
Prisões foram feitas por policiais da 1ª Delegacia de Investigações Criminais
Prisões foram feitas por policiais da 1ª Delegacia de Investigações Criminais   Foto: Irandy Ribas/ AT

Os delegados de polícia do Estado receberão este ano o pior salário entre os profissionais do setor em todo o Brasil. A remuneração é de R$ 10.382,48, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). Como comparação, no Mato Grosso, que paga o melhor salário do País a delegados, a remuneração chega a R$ 24.451,11.


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“Ao mesmo tempo, o Governo do Estado mandou à Assembleia Legislativa um projeto de orçamento de R$ 246,3 bilhões para 2021, que coloca São Paulo como o estado mais rico do Brasil”, reclama a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati.


Os salários de investigadores e escrivães também colocam São Paulo em posição inglória, com valor inicial de R$ 3.931,18, só na frente de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará.


Raquel explica que a categoria já convive diariamente com outros inconvenientes, entre eles a falta de estrutura devido à ausência de investimento do Governo na segurança.


A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Hoje, 27.464 estão ocupados, o que representa somente 65,5%.


“Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança pública para o povo paulista”, explica a delegada.


Baixada Santista


O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Santos e Região (Sinpolsan), Renato Martins, diz que não é de hoje que a carreira policial é desprestigiada.


“As unidades policiais do Deinter-6 trabalham, em maioria, com uma dezena de policiais. A Baixada Santista e o Litoral Sul contam com um só Instituto Médico-Legal (IML). É clara a demonstração de desprezo com a segurança pública”.


Renato lembra ainda a situação do Palácio da Polícia, no Centro de Santos. “Ele esfarela a olhos nus, representa o símbolo da situação encontrada na região. Recentemente, desabou o teto de uma sala de uma unidade policial, que teve seu andar superior interditado. As viaturas estão em péssimas condições, até com pneus carecas. Há também os coletes balísticos vencidos”.


O presidente do sindicato regional explica que outros cargos, como agentes policiais e de telecomunicações, escrivães, investigadores, peritos, auxiliar de necrotério e papiloscopistas, se encontram em situação muito pior.


“Eles ainda não recebem gratificação por acúmulo de função, exercendo trabalhos extraordinários sem a devida contrapartida remuneratória”.


Resposta


A Secretaria de Estado da Segurança Pública defende que investe na valorização, ampliação e recomposição do efetivo policial em todoo Estado. “A atual gestão reajustou em 5% o piso salarial dos policiais, equiparou o auxílio-alimentação dos agentes, além de ter ampliado a bonificação por resultados, que passa a ser bimestral”, informou, pormeio de nota.


Disse ainda que, em dezembro, mais de R$ 10 milhões foram pagos em bonificação, referente ao 1º bimestre de 2020, para as polícias do Estado. Além dos 600 investigadores nomeados no dia 30 de dezembro, outros 288 policiais civis serão nomeados este mês. Somente na atual gestão, foram contratados mais de 9,8 mil policiais, sendo 1.323 civis.


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