Aluno que chamou professora de 'macaca' será ouvido em breve, diz polícia

Jovem de 18 anos fez postagem nas redes sociais com ofensas raciais contra a professora Tânia Cristina dos Santos

Por: Eduardo Velozo Fuccia & Da Redação &  -  10/12/19  -  09:13
Professora Tânia fez boletim de ocorrência na quarta-feira (4)
Professora Tânia fez boletim de ocorrência na quarta-feira (4)   Foto: Reprodução/Facebook

O aluno suspeito chamar de “macaca” no Facebook a sua professora de Sociologia será ouvido em breve na Delegacia Sede de Praia Grande. Em nota, a Diretoria Regional de Ensino de São Vicente diz ser “inadmissível que casos de discriminação aconteçam dentro ou fora do ambiente escolar”.


“Já determinei ao Setor de Investigação notificar o acusado para que compareça à delegacia e seja ouvido”, informa o delegado Flávio Goda Magário. Ele já tomou o depoimento da professora Tânia Cristina dos Santos, de 51 anos. Inicialmente, ela registrou boletim de ocorrência, na última quarta-feira.


Tânia leciona para o 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Professora Sylvia de Mello, no Antártica, em Praia Grande. Aluno da classe, Gabriel Oscar da Silva Pereira, de 18 anos, compartilhou com amigos em seu perfil da rede social a seguinte mensagem: “A macaca de sociologia indo repetir todo mundo”.


A postagem foi feita no dia 25 de outubro. Tânia disse que soube da ofensa por meio de uma pessoa que está na relação de amigos dela no Facebook. Por meio de mensagem privada, ela recebeu o link da postagem de Gabriel.


Responsável pelo inquérito policial que apura o crime de injúria racial, punível com reclusão de um a três anos, Magário encerrará a investigação após ouvir a versão do rapaz.


Delegado Flávio Magario deu início a um inquérito policial sobre o caso
Delegado Flávio Magario deu início a um inquérito policial sobre o caso   Foto: AT

Em seguida, o procedimento será remetido à Justiça e caberá ao Ministério Público oferecer denúncia, requerer o seu arquivamento ou determinar a realização de novas diligências.


Cauteloso por causa das restrições impostas pela Lei de Abuso de Autoridade, que recentemente entrou em vigor, Magário não antecipa se indiciará ou não Gabriel.


O delegado apenas deixa claro que, da sua parte, a investigação se encerra com o depoimento do acusado, porque é a informação que falta.


A postagem atribuída a Gabriel foi impressa e apresentada pela professora à Polícia Civil. Magário a juntou ao inquérito, porque ela “serve de prova de materialidade e autoria da injúria racial”, justifica.


No entanto, o delegado indagará Gabriel se ele reconhece o perfil na rede social como seu e a postagem ofensiva como de sua autoria. A Tribuna tentou ouvir o jovem, mas ele não retornou a dois contatos feitos.


O delegado também juntou ao inquérito cópia da matéria Professora denuncia injúria racial, publicada em A Tribuna, na edição do dia 5 de dezembro.


Apuração na escola


De acordo com a Diretoria Regional de Ensino de São Vicente, ela está prestando apoio à professora, e um supervisor de ensino será encaminhado à E.E. Sylvia de Mello para acompanhar o caso.


O órgão também informa que será aberta apuração sobre o episódio e o Conselho de Escola se reunirá para analisar quais medidas pedagógicas serão adotadas. O objetivo é “intensificar ações de conscientização sobre respeito às diferenças”.


Aluno fez postagem chamando professora de 'macaca' no Facebook
Aluno fez postagem chamando professora de 'macaca' no Facebook   Foto: Reprodução/Facebook

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