Advogada e filho são presos por suspeita de homicídio de fiscal de rendas em Santos

Sérgio Armando Gomes Ferreira foi encontrado morto com um profundo corte na barriga em casa sobreposta no Embaré, no dia 14 de novembro. Amigo do filho de advogada também foi preso

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  30/12/19  -  18:08
Atualizado em 12/04/23 - 20:08
Equipes da Polícia Militar foram acionadas para o local do crime
Equipes da Polícia Militar foram acionadas para o local do crime   Foto: Isabella Lima/G1 Santos

A pedido da Polícia Civil, a Justiça decretou a prisão temporária de 30 dias da advogada Luciana Mauá de Almeida Marnoto, de 49 anos, e do seu filho, Guilherme Marnoto de Alvarenga, de 18. Eles são investigados pelo assassinato a facadas de um homem, em Santos. Outro rapaz é suspeito do homicídio e também está preso. Os três negam o crime.


O homicídio teve como vítima o fiscal de rendas Sérgio Armando Gomes Ferreira, de 56 anos, e aconteceu em uma casa sobreposta na Rua Delfim Moreira, no Embaré, onde ele residia com Luciana e o filho dela. Com um grande corte na região abdominal, o servidor público estadual foi encontrado morto na sala do imóvel na tarde de 14 de novembro.


Naquela ocasião, aos policiais militares que compareceram à moradia, a advogada disse conviver com Sérgio há cerca de três anos. Segundo ela, a casa sobreposta foi alugada em seu nome e, dez dias antes do crime, houve o corte da energia elétrica da habitação. Por esse motivo, Luciana e Guilherme foram para a residência da mãe dela.


De acordo com a versão preliminar da advogada, Sérgio foi convidado a acompanhá-la à casa da sogra, mas o fiscal de rendas preferiu continuar na sobreposta, mesmo sem energia. Durante esse período de separação supostamente forçada, a mulher afirmou que mantinha contatos diários com o parceiro por meio de telefonemas e e-mails.


Investigação


Embora o caso tenha sido registrado no 3º DP de Santos, em cuja área aconteceu o crime, ele é apurado pelo Setor de Homicídios da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas) de Santos. A Justiça decretou o sigilo da investigação e, por isso, a Polícia Civil nada informa sobre o que eventualmente ligaria os suspeitos à morte do fiscal de rendas.


Prevista pela Lei 7.960/1989, a prisão temporária é admitida quando “imprescindível” às investigações policiais. Além disso, a legislação exige “fundadas razões” de autoria ou participação dos investigados. Essa espécie de custódia cautelar ainda pode ser decretada se o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer dados para esclarecer a sua identidade.


A prisão temporária é cabível apenas para certos delitos mencionados na lei. O seu prazo, como regra geral, é de cinco dias, prorrogável por igual período, em caso de “extrema e comprovada necessidade”. Porém, na hipótese de homicídio qualificado, por se tratar de crime hediondo, o prazo da custódia é de 30 dias, podendo ser renovado nas mesmas condições.


A legislação determina que os presos temporários estejam separados do restante da população carcerária. Esgotado o prazo da custódia cautelar, o detento deverá ser imediatamente solto, a menos que a Polícia Civil conclua nesse tempo o inquérito policial, requeira a preventiva do acusado e o Poder Judiciário defira o pedido.


Homem foi encontrado morto dentro da própria casa na Rua Delfim Moreira, no Embaré
Homem foi encontrado morto dentro da própria casa na Rua Delfim Moreira, no Embaré   Foto: Silvio Luiz/AT

Caso nebuloso


Luciana disse na data da descoberta do crime que, pela manhã, tentou conversar com Sérgio por telefone, mas ele não atendeu às ligações. No início da tarde, ela e o filho se dirigiram à casa sobreposta e se depararam com a vítima morta em meio a muito sangue. Além do grande corte na barriga, o fiscal de rendas apresentava marcas no pescoço.


Faca ou outro instrumento que pudessem ter sido usados no crime não foram encontrados. Guilherme foi quem telefonou à Polícia Militar para comunicar o ocorrido, sendo orientado a aguardar na frente da moradia, junto com a mãe, a chegada dos policiais. De meras testemunhas, eles passaram a ser potenciais suspeitos com o avanço das investigações.


Guilherme e Luciana foram presos, respectivamente, nos dias 13 e 19 de dezembro. Amigo do filho da advogada, Gabriel Marraccini, de 18 anos, também foi capturado por força de temporária. Conscientes da gravidade da acusação e da hediondez do delito, eles já constituíram dois renomados criminalistas para defendê-los.


Advogado de Luciana e Guilherme, Eugênio Malavasi disse que aguarda o término dos primeiros 30 dias da temporária e a manifestação judicial sobre eventual prisão preventiva para impetrar habeas corpusno Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ele reafirmou que os clientes alegam inocência.


O advogado Armando de Mattos Júnior defende Gabriel e declarou que não teve acesso ao inquérito do Setor de Homicídios da Deas. “Ainda não pudemos examinar o que de fato existe contra o meu cliente. Por se tratar de prisão temporária, com investigação em andamento, nada nos foi mostrado. Mas, de antemão, Gabriel nega e tentaremos revogar a sua prisão”.


Advogados Armando de Mattos Júnior e Eugênio Malavasi defendem os réus do caso do assassinato do fiscal de rendas
Advogados Armando de Mattos Júnior e Eugênio Malavasi defendem os réus do caso do assassinato do fiscal de rendas   Foto: AT

Logo A Tribuna
Newsletter