Advogada é solta após filho confessar homicídio de fiscal em Santos

Guilherme Marnoto, de 18 anos, confessou a morte de Sérgio Armando Gomes Ferreira no dia 14 de novembro, em uma casa sobreposta no Embaré

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  15/01/20  -  09:13
Atualizado em 12/04/23 - 20:08
Homem foi encontrado morto dentro da própria casa na Rua Delfim Moreira, no Embaré
Homem foi encontrado morto dentro da própria casa na Rua Delfim Moreira, no Embaré   Foto: Silvio Luiz/AT

Investigada pelo homicídio a facadas do fiscal de rendas Sérgio Armando Gomes Ferreira, a advogada Luciana Mauá de Almeida Marnoto, de 49 anos, teve a prisão temporária revogada pelo juiz Alexandre Betini, da Vara do Júri de Santos, porque o seu filho, Guilherme Marnoto de Alvarenga, de 18, confessou o homicídio e inocentou a mãe.


Guilherme também teve a prisão temporária decretada. A sua captura ocorreu em 18 de dezembro de 2019. No dia 7 de janeiro deste ano, ele assumiu a autoria do crime ao ser interrogado pelo delegado Renato Mazagão Júnior, da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas) de Santos, que possui um Setor de Homicídios.


Por se tratar de crime hediondo, a temporária foi decretada por 30 dias e pode ser prorrogada uma vez, por igual período, desde que preenchido o requisito legal de ser a medida imprescindível às investigações do inquérito policial. Guilherme continua encarcerado e deve ter a renovação de sua custódia requerida por Mazagão à Justiça.


A Justiça decretou o sigilo do inquérito. Por esse motivo, e porque qualquer informação com as investigações em andamento poderia prejudicar o completo esclarecimento do homicídio, o delegado nada declara. No Direito Penal, uma confissão isolada não representa a elucidação do crime. Ela deve ser confirmada por outras provas.


Outro investigado é Gabriel Marraccini, de 18 anos, amigo de Guilherme. Ele teve a temporária decretada e o filho da advogada também o isentou de responsabilidade pela morte do fiscal de rendas. Sérgio completaria nesta quarta-feira (15) 57 anos de idade. Ele foi assassinado em 14 de novembro de 2019.


Delegado Renato Mazagão Júnior
Delegado Renato Mazagão Júnior   Foto: Alberto Marques/Arquivo/AT

Pedidos


Após a confissão de Guilherme, os advogados Armando de Mattos Júnior e Eugênio Malavasi requereram, respectivamente, a revogação das temporárias de Gabriel e Luciana. Betini considerou necessária a manutenção da prisão de Gabriel, porque o rapaz, embora inocentado pelo filho da advogada, o acompanhava no momento do crime.


Por ter sido a advogada excluída da cena do homicídio, o juiz acolheu o pedido de revogação de sua temporária. Para ele, a prisão de Luciana deixou de ser necessária às investigações, porque ficou afastada a sua atuação “material”. Porém, Betini observou que as investigações prosseguem para apurar eventual participação “moral” da mulher.


O homicídio aconteceu em uma casa sobreposta na Rua Delfim Moreira, no Embaré, onde Sérgio residia com Luciana e o filho dela. Com um grande corte na região abdominal, o servidor público estadual foi achado morto na sala do imóvel. Ele também apresentava marca no pescoço produzida por uma cordinha de prancha de surfe, conforme Guilherme.


Naquela ocasião, aos policiais militares que compareceram à moradia, a advogada disse conviver com Sérgio há cerca de três anos. Segundo ela, a casa sobreposta foi alugada em seu nome e, dez dias antes do crime, houve o corte da energia elétrica da habitação. Por esse motivo, Luciana e Guilherme foram para a residência da mãe dela.


Malavasi também defende Guilherme. Devido ao siglo judicial do inquérito, ele apenas declarou que a soltura de Luciana decorreu da confissão do filho, que afastou os pressupostos da prisão temporária da cliente. Armando de Mattos Júnior é o advogado de Gabriel e, igualmente, economizou as palavras, “devido ao sigilo e em respeito à Justiça”.


No entanto, Mattos fez questão de salientar que Gabriel, desde o início, alega inocência com a mesma versão, “agora, confirmada, com a confissão de Guilherme”. O advogado disse que o seu cliente está “inconformado” com a prisão, porque não cometeu crime algum e apenas estava “no lugar errado, na hora errada”.


Advogados Armando de Mattos Júnior e Eugênio Malavasi defendem os réus do caso do assassinato do fiscal de rendas
Advogados Armando de Mattos Júnior e Eugênio Malavasi defendem os réus do caso do assassinato do fiscal de rendas   Foto: AT

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