Acusado de matar parceiro de trisal se cala durante interrogatório em Santos

Após não aceitar o término de seu relacionamento, acusado matou o outro companheiro da relação a facadas

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  29/10/20  -  10:18
Bruno, à esquerda, foi morto a facadas em um apartamento na Zona Noroeste de Santos
Bruno, à esquerda, foi morto a facadas em um apartamento na Zona Noroeste de Santos   Foto: Reprodução

Acusado de matar a golpes de faca um parceiro de triângulo amoroso, Luiz Felipe de Oliveira Galdino, de 26 anos, foi interrogado na tarde desta quarta-feira (28) pelo juiz Alexandre Betini, da Vara do Júri de Santos. O réu permaneceu calado durante todo o ato processual. Ele invocou direito constitucional de permanecer em silêncio. Na fase do inquérito policial, o rapaz confessou o crime.


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“O acusado deixou de fazer a sua autodefesa para preservar terceira pessoa”, declarou o advogado Armando de Mattos Júnior. Ele atua no processo como assistente da acusação e perguntou a Luiz Felipe se Inaê Barreto Rodrigues, de 21 anos, considerada pivô do crime, teve alguma participação ao supostamente atrair a vítima ao local do homicídio. Como em todas as indagações que lhe foram feitas, o acusado ficou em silêncio.


Luiz e Inaê eram companheiros e tiveram uma filha, atualmente, com 3 anos de idade. O casal residia em um apartamento no Conjunto Dale Coutinho, no Castelo, Zona Noroeste de Santos, e a jovem mantinha relacionamento amoroso simultâneo com os dois rapazes. Porém, à época do assassinato, ela havia terminado a relação com o réu, que não aceitava a separação e, principalmente, que a ex-mulher continuasse o caso apenas com Bruno.


Mãe da vítima, Creusa da Silva Botelho, de 52 anos, acusa Inaê de atrair a vítima até o local onde estava Luiz Felipe. “Eu li as últimas mensagens que meu filho trocou com ela pelo WhatsApp. À meia-noite e dez minutos, Inaê perguntou se o meu filho poderia levar R$ 5,00. O Bruno estava em minha casa, no Rádio Clube, e foi ao lugar indicado por ela, no Castelo. Porém, quando chegou ao local, Luiz Felipe a acompanhava”, conta.


O promotor Geraldo Márcio Gonçalves Mendes denunciou Luiz Felipe por homicídio qualificado pelo motivo torpe, porque o réu não aceitava que a mulher mantivesse amoroso apenas com o outro parceiro, e pelo emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, porque o acusado “dissimulou a sua intenção homicida” e surpreendeu Bruno com o ataque a facadas.


Em relação à jovem considerada pivô, o representante do Ministério Público (MP) requereu o arquivamento do inquérito policial aberto para apurar o seu eventual envolvimento, porque “elementos de prova não revelaram que Inaê tenha concorrido para a morte Bruno”. No entanto, o advogado Mattos Júnior ressalvou que a investigação contra Inaê poderá ser reaberta “se surgirem fatos novos”.


Audiência virtual


O interrogatório de Luiz Felipe aconteceu por meio de videoconferência. Autuado no dia 3 de julho de 2019, data do crime, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e, desde então, encontra-se recolhido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Da audiência também participaram o promotor Gonçalves Mendes, o assistente da acusação e o advogado Alexandre Mascarenhas, que defende o réu.


O interrogatório encerrou a instrução (fase processual de produção de provas). Nesta etapa depuseram três testemunhas da acusação, cinco da defesa e cinco do juízo. Agora, as partes (MP e defesa do réu) deverão apresentar as suas alegações finais por escrito para o juiz decidir se Luiz Felipe deve ser submetido a júri popular.


Nesta decisão, chamada pronúncia, sem realizar exame aprofundado do mérito, o magistrado verifica se há prova de materialidade do crime e indícios suficientes de autoria. A presença destes requisitos autoriza a realização do júri, cabendo aos jurados condenar ou absolver o réu, conforme previsão constitucional. O homicídio qualificado é crime de hediondo e a sua pena varia de 12 a 30 anos de reclusão.


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