Instituto Ecofaxina viabiliza novos projetos em meio à pandemia

Implementação de ecobarreiras e envolvimento das comunidades de palafitas segue a todo vapor

Por: Marcela Ferreira  -  20/07/20  -  19:31
Base operacional das ecobarreiras gerará empregos para população de comunidades da região
Base operacional das ecobarreiras gerará empregos para população de comunidades da região   Foto: Divulgação/Instituto Ecofaxina

Desenvolvendo um importante trabalho em Santos para a contenção dos resíduos sólidos nos manguezais, praias e canal do Porto de Santos, o Instituto Ecofaxina continua dando andamento aos seus projetos em meio à pandemia. Conhecido por realizar ações de limpeza dos manguezais, o instituto busca, agora, focar em parcerias com autoridades políticas e empresas da iniciativa privada para dar início à implementação de ecobarreiras.


Os equipamentos em questão devem auxiliar na contenção de poluentes lançados no mar, prevenindo que cheguem ao estuário santista. O impacto desta iniciativa engloba diversas áreas, como economia, turismo e até saúde pública.


O diretor-presidente do Instituto Ecofaxina, William Rodriguez Schepis, explica que apesar das ações voluntárias serem importantes para a conscientização da população sobre o papel do ecossistema presente na região, as atividades internas têm predominado. “A gente vem discutindo esses projetos por acreditar em uma responsabilidade compartilhada com as empresas que atuam no estuário de Santos. Agora, vamos instalar um galpão no bairro São Manoel, onde as famílias moravam e foram transferidas para o conjunto habitacional ‘Santos O’. Há a obrigação agora de preservar essa região de manguezal, e o galpão servirá para o trabalho operacional das ecobarreiras”, conta.


Inicialmente, o projeto das ecobarreiras será implementado em Santos, mas há expectativa de expansão para São Vicente, Guarujá e Cubatão. As áreas analisadas para integrar o projeto possuem concentração de poluição marinha, e essa seria uma nova forma de conter a problemática.


Fontes poluidoras


“Durante a pandemia, a gente teve uma redução do resíduo em área urbana. Com as pessoas saindo menos de casa, houve uma queda na coleta geral. No que tange a poluição do Estuário, as famílias que vivem ali continuam descartando, o consumo delas não variou muito. Ainda vemos embalagens pet, hastes de pirulito, eppendorfs, e mais. A gente vem encontrando também máscaras como um item novo que não era tão comum”, relata William.


Futuramente, os trabalhos do Instituto Ecofaxina farão com que a comunidade esteja totalmente imersa na preservação ambiental, gerando renda e preservando a região. “Temos um trabalho para o futuro que é justamente envolver a contenção do resíduo sólido flutuante com as ecobarreiras. O Instituto Ecofaxina fez um levantamento das fontes poluidoras do município de Santos, que apontou para o diagnóstico de que as comunidades de palafitas são a principal fonte poluidora nas áreas internas do Estuário.”, explica. Dessa forma, a relevância da conscientização desta população se torna mais evidente, e envolvê-la para trabalhar no projeto é um dos caminhos para melhorar a situação ambiental da região.


Ecobarreiras 3 e 4 conterão resíduos provenientes de comunidades de palafitas de Santos e São Vicente
Ecobarreiras 3 e 4 conterão resíduos provenientes de comunidades de palafitas de Santos e São Vicente   Foto: Divulgação/Instituto Ecofaxina

"A gente leva essa preocupação de que a preservação do mangue gera uma maior qualidade de vida para os moradores. O projeto das ecobarreiras, então, vem como uma alternativa para conscientizar e visa a geração de renda para a comunidade. Quando iniciar esse trabalho de reciclagem, a gente vai poder atuar com a comunidade, para eles próprios", explica o diretor do Instituto Ecofaxina.


Microplástico


O combate ao descarte de microplásticos é uma das bandeiras levantadas pelo projeto. Em parceria com o Ipem, USP e Unesp, o Ecofaxina analisa amostras de solo do mangue e praias de Santos para detectar a presença do material, nocivo para o meio ambiente e para a saúde pública.


"O caminho para reduzir é justamente fazer a retirada do macroplástico, que com o tempo, vai se transformando em microplástico. O material vai se partindo em partículas cada vez menores e ele acaba ficando no ecossistema, se incorpora em organismos como ostras, mexilhões. Alguns peixes acabam se contaminando, e isso acaba chegando na alimentação das pessoas, principalmente das que moram em regiões de palafita, que completam a alimentação com a pesca", descreve.


William ainda busca deixar uma mensagem positiva sobre o combate a poluição marinha: "Continuaremos com os trabalhos voluntários para ressaltar a importância dos manguezais, e esperamos que isso cause um impacto em diversos setores, começando pelo setor ambiental".


Ele ainda ressalta que o trabalho realizado pelo instituto afeta todas as esferas, e com as iniciativas, espera por um impacto positivo no meio ambiente. "Que a gente consiga reduzir o sofrimento dos animais. Isso também impacta a economia, o turismo, que é espantado pela poluição, a navegação, porque esses resíduos acabam prejudicando as hélices das embarcações, o assoreamento dos canais - com a preservação dos mangues, eles evitam a erosão das margens estuarinas, diminuindo a necessidade de dragagem -, a pesca, alimentação, saúde pública, doenças que são causadas pela ingestão de poluentes, e muito mais", finaliza.


Para conhecer o projeto das ecobarreiras, acesse o site do Instituto Ecofaxina.


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