Estudo nos manguezais da região aponta que plástico ainda é um dos itens mais encontrados

Cidades como Itanhaém e Praia Grande apontam menor volume de resíduos, enquanto São Vicente e Cubatão tem maior índice de lixo plástico por metro quadrado

Por: Carolina Faccioli  -  02/12/20  -  23:29
ONG realizou o estudo ao longo do mês de novembro
ONG realizou o estudo ao longo do mês de novembro   Foto: Divulgação/Ecomov

Um novo estudo realizado nos mangues do litoral de São Paulo apontou que um dos materiais mais encontrados pela região ainda é o plástico. A pesquisa surgiu no início do mês pela ONG Ecologia em Movimento (Ecomov) em Praia Grande, Itanhaém, São Vicente e Cubatão, com uma equipe de nove técnicos e estagiários da ONG que recolheram mais de 67 quilos de lixo plástico em 340,5 metros quadrados de manguezal. 


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal, GloboPlay grátis e descontos em dezenas de lojas, restaurantes e serviços!


O trabalho mostrou que as cidades de São Vicente e Cubatão apontam um cenário mais negativo, acima de 1,0  resíduo por metro quadrado. Em São Vicente a faixa de manguezal estudada no bairro Náutica III mostrou que o volume foi de 1,7 de lixo/m2, sendo 0,21 kg/m2. Em Cubatão, o local estudado foi o Casqueiro, onde a média de lixo plástico por metro quadrado foi de 6,3 /m2. 


''A concentração de lixo plástico em Cubatão, nesta área, está acima das três cidades juntas (São Vicente, Praia Grande e Itanhaém). Sua soma equivale a soma das outras estudadas. Este índice extrapola os dados obtidos e aponta estado mais crítico'', afirma a bióloga responsável pela pesquisa, Juliana Teixeira Gonçalves.


O que também chamou a atenção da equipe foi a grande quantidade de embalagens de isopor, também em Cubatão. Apenas em um dos pontos do estudo, foram coletados mais de 300 fragmentos, que impedem a oxigenação da fauna e se tornam fonte de alimento para animais, como caranguejos e peixes. 


Itanhaém e Praia Grande são as cidades que apontam um cenário bem positivo neste início de estudo, com percentual abaixo de 1,0 de lixo plástico/m2. Itanhaém com 12 kg de plástico coletado, a média por metro quadrado é de 0,14 kg/m2 e Praia Grande com 0,26kg por metro quadrado. 


A cidade de Itanhaém foi a que registrou menor nível de poluição, com apenas 0,6 resíduo/m2 no Rio Itanhaém, que foi a área estudada. Praia Grande foi a segunda menos poluída com 0,9 resíduos/m2 e o estudo ocorreu no Portinho e na faixa de mangue do Rio Piaçabuçu.


Além de materiais domésticos, um outro item chamou a atenção da ONG. Em Itanhaém, a bióloga Uiara Setúbal encontrou, junto da equipe, uma máquina de escrever no meio do manguezal. 


Máquina de escrever foi encontrada no meio do mangue, em Itanhaém
Máquina de escrever foi encontrada no meio do mangue, em Itanhaém   Foto: Divulgação/Ecomov


Perigo
Materiais como seringas e lâmpadas fluorescentes e de vidro comum também foram encontrados ''Esses dados apontam diversas pistas de descarte de origem doméstica em cidades que sofrem mais impacto como a região estuarina. Nossa proposta é produzir informação técnica com embasamento local e atuar junto a origem do problema com medidas de preservação mais rígidas”, afirma Rodrigo Azambuja, coordenador da entidade. 


Educação Ambiental


Ainda segundo Azambuja, o que falta é reeducar a população, principalmente nessas áreas provenientes de consumo e descarte direto aos rios e manguezais. A implementação de ecopontos, eco barreiras ou fiscalização contra o descarte de material ilegal, como o hospitalar, são medidas que poderiam amenizar o problema. 


A pesquisa ainda irá contemplar mais cidades como São Sebastião, Peruíbe, Guarujá, Santos e Bertioga em 2021 “Será criado um artigo científico no final de novembro/21 no qual apresentado ao MP para buscar mais iniciativas de limpeza e preservação das áreas críticas”, conclui o biólogo. 


Logo A Tribuna
Newsletter