Um novo estudo realizado nos mangues do litoral de São Paulo apontou que um dos materiais mais encontrados pela região ainda é o plástico. A pesquisa surgiu no início do mês pela ONG Ecologia em Movimento (Ecomov) em Praia Grande, Itanhaém, São Vicente e Cubatão, com uma equipe de nove técnicos e estagiários da ONG que recolheram mais de 67 quilos de lixo plástico em 340,5 metros quadrados de manguezal.
O trabalho mostrou que as cidades de São Vicente e Cubatão apontam um cenário mais negativo, acima de 1,0 resíduo por metro quadrado. Em São Vicente a faixa de manguezal estudada no bairro Náutica III mostrou que o volume foi de 1,7 de lixo/m2, sendo 0,21 kg/m2. Em Cubatão, o local estudado foi o Casqueiro, onde a média de lixo plástico por metro quadrado foi de 6,3 /m2.
''A concentração de lixo plástico em Cubatão, nesta área, está acima das três cidades juntas (São Vicente, Praia Grande e Itanhaém). Sua soma equivale a soma das outras estudadas. Este índice extrapola os dados obtidos e aponta estado mais crítico'', afirma a bióloga responsável pela pesquisa, Juliana Teixeira Gonçalves.
O que também chamou a atenção da equipe foi a grande quantidade de embalagens de isopor, também em Cubatão. Apenas em um dos pontos do estudo, foram coletados mais de 300 fragmentos, que impedem a oxigenação da fauna e se tornam fonte de alimento para animais, como caranguejos e peixes.
Itanhaém e Praia Grande são as cidades que apontam um cenário bem positivo neste início de estudo, com percentual abaixo de 1,0 de lixo plástico/m2. Itanhaém com 12 kg de plástico coletado, a média por metro quadrado é de 0,14 kg/m2 e Praia Grande com 0,26kg por metro quadrado.
A cidade de Itanhaém foi a que registrou menor nível de poluição, com apenas 0,6 resíduo/m2 no Rio Itanhaém, que foi a área estudada. Praia Grande foi a segunda menos poluída com 0,9 resíduos/m2 e o estudo ocorreu no Portinho e na faixa de mangue do Rio Piaçabuçu.
Além de materiais domésticos, um outro item chamou a atenção da ONG. Em Itanhaém, a bióloga Uiara Setúbal encontrou, junto da equipe, uma máquina de escrever no meio do manguezal.
Perigo
Materiais como seringas e lâmpadas fluorescentes e de vidro comum também foram encontrados ''Esses dados apontam diversas pistas de descarte de origem doméstica em cidades que sofrem mais impacto como a região estuarina. Nossa proposta é produzir informação técnica com embasamento local e atuar junto a origem do problema com medidas de preservação mais rígidas”, afirma Rodrigo Azambuja, coordenador da entidade.
Educação Ambiental
Ainda segundo Azambuja, o que falta é reeducar a população, principalmente nessas áreas provenientes de consumo e descarte direto aos rios e manguezais. A implementação de ecopontos, eco barreiras ou fiscalização contra o descarte de material ilegal, como o hospitalar, são medidas que poderiam amenizar o problema.
A pesquisa ainda irá contemplar mais cidades como São Sebastião, Peruíbe, Guarujá, Santos e Bertioga em 2021 “Será criado um artigo científico no final de novembro/21 no qual apresentado ao MP para buscar mais iniciativas de limpeza e preservação das áreas críticas”, conclui o biólogo.