Novo governo terá de mudar regra para ter acesso antecipado ao Enem, diz ministro

Rossieli foi questionado sobre o acesso antecipado à prova após o futuro ministro da pasta afirmar que "ninguém vai impedir" o presidente eleito de ver a prova

Por: Do Estadão Conteúdo  -  27/11/18  -  22:13
Soares afirmou que o setor
Soares afirmou que o setor "perde tempo" quando discute "coisas laterais"   Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou nesta terça-feira (27), que, caso queira ter acesso antecipado às provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o presidente Jair Bolsonaro deverá mudar as regras de segurança do teste. "Existe um processo, um procedimento, que precisará ser revisto para que isso (Bolsonaro veja o exame) aconteça, mas caberá a eles a partir de 1º de janeiro."


Rossieli foi questionado sobre o acesso antecipado à prova após o futuro ministro da pasta, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmar que "ninguém vai impedir" o presidente eleito de ver a prova se for de seu interesse. A polêmica surgiu após Bolsonaro criticar, em vídeo, uma questão da prova deste ano que citava o dialeto utilizado por pessoas LGBTs.


O ministro explicou que a prova, após elaborada, fica em uma sala-cofre e só deixa o local para ser levada para a gráfica, escoltada por policiais federais. "O que eu posso dizer é que cabe às equipes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fazerem a gestão sobre a prova. Na nossa gestão, eu, e pelo que sei, os outros ministros nunca olharam (a prova antes) - os outros presidentes também não", afirmou. "É uma decisão do próximo presidente com o seu ministro", afirmou.


Rossieli disse também que não conheceu pessoalmente o futuro ministro, mas se mostrou disponível para ajudar com a transição. "A responsabilidade de tocar um ministério é muito grande e a gente deseja muito sucesso, e esse sucesso começa com uma boa transição, coisa que do nosso lado garanto que teremos", disse.


Programa Escola Adolescente


As declarações foram dadas durante o anúncio de lançamento de uma plataforma voltada a gestores e professores de escolas públicas para diminuir os índices de repetência e desistência escolar na segunda fase do ensino fundamental, entre o 6º e o 9º ano. De acordo com a pasta, essa é uma etapa muito sensível, na qual 14,5% dos estudantes na rede pública são reprovados ou simplesmente desistem da escola.


De acordo com a secretária de Educação Básica do MEC, Katia Smole, uma das explicações está na falta de aprendizado, que não motiva os alunos. Segundo dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de cada 100 alunos, apenas cinco concluem a formação com aprendizado adequado em língua portuguesa e três, em matemática. "Não aprender na escola não te faz querer estar na escola", resumiu Katia.


O programa terá como foco inicial 13 mil escolas "vulneráveis" - que possuem mais de 50% de seus alunos beneficiários do programa Bolsa Família. Segundo Rossieli, "o ensino fundamental dois tem tido menos políticas sendo pensadas. Temos muitas coisas para o ensino médio, muitas coisas para os anos iniciais, e agora, aproveitando estruturas - como do programa Mais Educação, por exemplo -, com dinheiro direto na escola, trazer a oportunidade de apoiar as escolas de 6º a 9º ano especificamente, nessa primeira etapa 13 mil escolas, aproximadamente 1,5 milhão de estudantes poderão ser beneficiados", disse.


O programa deve auxiliar gestores e professores a buscarem uma melhor integração com os alunos e suas especificidades da idade, e terá sua plataforma online lançada no começo de dezembro.


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