Volatilidade do cisne negro impõe lições aos investidores

Impacto abrupto de fato inesperado, a Covid-19, abala mercados, com queda de 40% do Ibovespa em um mês

Por: Marcelo Santos & Editor de Economia &  -  22/03/20  -  20:34
Bolsas de NY fecham em forte queda com temores de nova onda de covid-19
Bolsas de NY fecham em forte queda com temores de nova onda de covid-19   Foto: Imagem ilustrativa/Frank Busch/Unsplash

Diz-se que o grande aprendizado do investidor se dá quando ele se depara com um cisne negro. Adaptado da filosofia, esse termo, no mercado, trata-se de um fato inesperado que muda abruptamente os fundamentos do investimento, a ponto de deixar o poupador sem rumo. É com a volatilidade, como a atual, que se descobre o que é risco.  


Está claro que o coronavírus é o cisne negro do século. Meses atrás, a guerra comercial EUA x China já estremecia o mercado. Mas nada como a Covid-19. 


Vamos às perdas. O Ibovespa, carteira da B3 (antiga Bovespa) que reúne 73 ações, desvalorizou 40% em um mês, resultado do pânico com a disseminação do coronavírus da China à Europa e Estados Unidos.  


É até desanimador falar das perdas das mais atingidas, as aéreas e operadoras de turismo. No Brasil, Azul, Gol, Smiles e CVC encolheram até 80% em um mês. 


O dólar, também em um mês, ganhou 16%. Se você não fez poupança nessa moeda para ir ao exterior não ficou no prejuízo, porque simplesmente está tudo parado. Mas pelo menos faturaria a rentabilidade.  


Para observar o estrago, vamos supor um investidor tinha há um mês R$ 10 mil na caderneta e R$ 10 mil em ações. Trinta dias depois, os R$ 10 mil da poupança agora somam R$ 10.033 e a bolada da bolsa, R$ 6 mil.  


Em uma das últimas edições do podcast Stock Pickers, apresentaram-se gestores de fundos que zeraram as perdas ou conseguiram lucrar nesse caos atual. Claro, são os tops do mercado, experientes com outros cisnes negros, que usam instrumentos de FI5>hedge (proteção contra perdas) e câmbio e ativos de países diferentes para melhorar rentabilidades.  


Porém, os recém-chegados à bolsa estão desnorteados com tanta surra. Mas resgatar para parar de perder não é boa ideia. Gol, Bradesco, Vale, Magazine Luiza, CSN, Usiminas e muitas outras – você acredita que elas vão sucumbir juntas?  


Uma ou outra companhia, de tempos em tempos, desaparece ou é comprada por uma rival. No total, é óbvio que vão se recuperar, exceto num eventual caos duradouro. 


O ganho do investidor depende do tempo que a recuperação se dará. Algumas passarão maus bocados. Outras, bem administradas, logo surfarão. Difícil acertar com todas. É por isso que o segmento de ações é de risco. É preciso estar consciente disso.  


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