Presidente da Assecob vê como natural a retomada da Construção Civil na Baixada Santista em 2022

Ricardo Beschizza fala sobre inflação, mercado de imóveis, pandemia e mais

Por: Júnior Batista  -  23/01/22  -  18:19
Atualizado em 23/01/22 - 18:30
Ricardo Beschizza:
Ricardo Beschizza:   Foto: Alexsander Ferraz/AT

“Se você souber onde vende bola de cristal, eu compro, que a minha está turva”, brinca o presidente da Associação de Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Ricardo Beschizza, de 61 anos. No ramo desde 1983, vem de família envolvida no mercado imobiliário desde 1950, em Santos. Ele é um otimista e vê em 2022 uma retomada natural do setor da construção civil, amparada na vacinação em massa da população. “Os estoques (de imóveis) foram consumidos, gerando novos projetos que serão colocados à venda aos poucos”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida para A Tribuna.


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Como o senhor observa a tendência para 2022 na construção civil?


A retomada vem naturalmente, como efeito da imunização da população e com mais vacinas. As pessoas se animam mais para sair e consumir. Entretanto, é um ano eleitoral, com muita confusão e polaridade. O que o setor tem a favor é que todos os estoques (de imóveis) foram consumidos na pandemia, gerando novos projetos que estão sendo colocados na rua gradativamente. Então, vão começar a aparecer obras novas. A dúvida é se o mercado vai conseguir acompanhar os preços dessas unidades em função do aumento de preço dos insumos durante a pandemia.


O senhor diz efeitos de mercado...


Isso. Toda essa melhora está atrelada a dólar, petróleo etc. Se começarem a subir, os produtos continuarão subindo, o que pode ocasionar uma retração de algo que vinha bem. Enquanto juros e financiamento tiverem níveis interessantes, conseguiremos manter um crescimento linear do setor, porque tem estoque para repor.


Quais seriam os níveis interessantes?


Os níveis atuais. Até um começo em dois dígitos o mercado consegue suportar.


As novas variantes da covid afetam a construção?


Se a Ômicron fosse tão letal como a Delta, não teríamos hospitais e muito menos exames. Evidentemente que, no fim de 2021 e no começo de 2022, a cabeça dos consumidores está em outro lugar, em contas como IPVA, IPTU, escola e férias. Afinal, após dois anos presos em casa, eles querem sair da gaiola. Mas estamos torcendo para que tudo dê certo. Prever o que vai acontecer é impossível. A variante Ômicron não mata como outras, mas ainda exige cautela.


O mercado de fornecedores de insumos já se normalizou?


Os insumos estão normalizando, mas os preços altos ficaram. Ainda não está sendo produzido o que se produzia antes da pandemia, então gerando menos material e ele está mais caro, porque esse setor ficou mais cauteloso depois de ter parado muitas vezes. E isso não tem como não repassar ao mercado.


A inflação também continua viva.


Evidentemente as camadas menos favorecidas têm mais problemas por conta da inflação. Quem tem mais dinheiro sofre menos. Mas há setores do comércio e indústria caminhando sem problemas com os efeitos de pandemia. Vinho, cerveja, supermercado, farmácia... Esse setores não sentiram. E o fato é que o mercado está aquecido.


Quais imóveis podem ser mais vendidos?


Com inflação alta, o apartamento mais barato terá menor procura pela condição de financiamento. Por enquanto, a Selic ainda não assusta, é sustentável. Se seguir em 8% ou 9% dá para segurar. No começo dos dois dígitos ainda dá para aguentar, depois fica mais difícil.


E na Baixada Santista, os negócios vão bem?


Aqui estão indo bem. Quando a esses novos lançamentos, ainda vamos ver quais famílias vão absorver. Os novos arranjos familiares pela pandemia surgiram, isso é fato. Muitos ainda não voltaram do home office e quiserem mais qualidade de vida, mudando para o litoral. Mas é muito, muito cedo para prever.


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