Onde investir: Rendimento conservador

Com o mercado de ações imprevisível, resta ao investidor apostar nos produtos mais seguros

Por: Marcelo Santos & Editor de Economia &  -  21/03/20  -  22:49
Saber quais os gastos diários e o orçamento é fundamental para readequar as finanças
Saber quais os gastos diários e o orçamento é fundamental para readequar as finanças   Foto: Agência Brasil

Com o mercado de ações imprevisível, resta ao investidor apostar nos produtos mais seguros, abrindo mão das rentabilidades antes vantajosas da bolsa. Por outro lado, como a crise do coronavírus pode causar desemprego ou congelar os ganhos dos autônomos, é preciso também investir de forma líquida (dinheiro que pode ser resgatado a qualquer hora). Para essas duas situações, os alvos mais óbvios, muito a gosto dos conservadores, é a caderneta de poupança e o Tesouro Direto. Entretanto, o problema é manter um rendimento mínimo aceitável, superando a inflação (4,01% ao ano) e o CDI (3,65%), a taxa interbancária que é referência para qualquer aplicação.  


A opção mais previsível é a pior de todos. Com a queda da taxa Selic para 3,75% ao ano na quarta-feira, a caderneta de poupança passou a render 2,625% (antes, 2,975%).  


Se comparada ao IPCA, o índice oficial de inflação do governo, a caderneta perde por uma diferença de um ponto percentual, sinal de desvalorização do capital aplicado.  


A outra opção é o Tesouro. Como se busca alternativa frente ao vírus, o papel mais prático é o Tesouro Selic, que paga quase a taxa básica. Porém, esse também está ameaçado pela inflação, como lembrou o economista Fábio Gallo em entrevista ao Estadão Conteúdo. É preciso debitar IPCA e Imposto de Renda, ficando claro que vai sobrar quase nada ao investidor.  


Há ainda outras possibilidades conservadoras, mas os ganhos também são decepcionantes. As que melhoram um pouquinho, por volta de 4% ao ano, têm baixa liquidez (demora mais para permitir resgate) ou exigem valor de aplicação mais salgado.  


A conclusão que se tem é que se deixar dominar pelo pânico e voltar aos tempos antigos equivale a admitir o prejuízo. Uma rentabilidade mais interessante exige continuar com recursos em fundos multimercados e ações. A chave do sucesso é montar uma carteira bem diversificada e com uma boa proporção em renda fixa (fundo DI, CDB e Tesouro Direto), mas também uma parte em bolsa. Quem tem muito medo pode ficar com uma participação bem pequena, de até 10%, em ações.  


Quem está hoje com uma proporção bem maior em ações e está passando mal com a bolsa prova que é conservador e que fez opções erradas. Além do lucro, o investidor precisa mirar um sono tranquilo.  


Títulos IPCA 


Quando os juros estão em queda, quem tem títulos como o Tesouro IPCA ganha com a valorização caso vá vendê-los antes do vencimento. Se há o contrário, os juros sobem, o investidor do IPCA vai ter menor rentabilidade. Porém, se você ficar com o papel até o vencimento receberá o que está prometido na hora da compra – por exemplo, o Tesouro IPCA 2045 pagará, em 2045, a taxa de 4,58% mais a inflação. Por isso, quem resgata antes pode perder dinheiro se não estuda antes de agir. 


Hora de comprar? 


Se você comprou neste ano ações da aviação (Azul, Gol, Smiles) viu o patrimônio encolher quase 80%. Porém, quem tem sangue frio e gosta de risco já deve pensar nos ganhos que essas ações podem dar após a crise. Mas será que vão se recuperar rapidamente? Será que os passageiros terão dinheiro para voar logo (vai ter mais desemprego e endividados)? O governo cortará impostos e dará capital de giro ao setor? São várias dúvidas e muito risco envolvido. Assim é a bolsa. 


Bom senso: evite prestações 


É provável que o comércio capriche nas promoções logo para compensar a queda do consumo. Acredita-se no encalhe de eletrônicos, roupas e móveis, que neste momento difícil cedem espaço aos produtos mais urgentes, do álcool em gel aos alimentos. Nada de se iludir com prestações que caberão no bolso. Evite comprometer sua renda – há o risco das empresas não se recuperarem tão cedo e cortarem empregos e gastos com prestadores de serviços. 


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