O próximo dia 30 é a última oportunidade para investir em previdência privada e ainda por cima abater até 12% na próxima declaração do Imposto de Renda. Nos últimos dias, instituições que oferecem esse produto aumentaram as propagandas para tentar fisgar o investidor de última hora, como aquele que aproveita o 13º para aplicar. Entretanto, se vai aproveitar esse benefício, que não o faça só pela vantagem tributária. O ganho é elevado, mas é preciso que esteja associado aos outros atrativos da previdência privada, de longo prazo, com aportes constantes e evitando saques intermediários para assim obter um bom complemento à aposentadoria oficial.
Há condição para abater os 12%. O investimento precisa ser da modalidade Programa Gerador de Benefício Livre (PGBL) e não o VGBL (Vida). Também é necessário preencher o formulário completo da declaração, pois o simplificado já tem um desconto automático padrão.
O abatimento de 12% é feito sobre a renda bruta tributável, como salários, aluguéis e pensões. Como explica a corretora Órama, se sua renda anual tributável foi de R$ 100 mil e aplicou R$ 12 mil em PGBL, o Imposto de Renda será cobrado sobre R$ 88 mil, economizando R$ 3,3 mil no IR, que poderão ir para a restituição ou abater imposto a pagar. Na prática, os R$ 12 mil renderam 27,5%, um retorno fantástico.
O ideal para sua carteira é diversificar os investimentos, destinando uma pequena parte para a renda variável, mais arriscada, para compensar a baixa rentabilidade de renda fixa, mais estável. Aliás, muitos planos de previdência privada têm uma parte em ações – se você sofre com a variação negativa do saldo nos piores momentos da bolsa, não escolha percentuais de ações elevados, como de 30% a 50%. Os mais jovens, devido à vantagem de terem mais tempo de recuperar um investimento mal-sucedido, podem embutir um percentual de bolsa maior. Se você está perto de usufruir da renda do plano, reduza esse percentual se estiver desconfortável com o vaivém das cotações do mercado.
Retificação
Na edição do último dia 12, a coluna errou ao informar que em um ano uma “aplicação pelo CDI” atingiria R$ 10.428. Na verdade, esse resultado é obtido na média do CDB (4,28%, segundo o jornal Valor).
PGBL x VGBL
A principal diferença entre o PGBL e o VGBL é que a tributação do primeiro regime incide sobre o valor investido mais os rendimentos, com o Imposto de Renda sendo retido na hora do saque. No VGBL, o IR será cobrado apenas sobre o rendimento. Segundo analistas financeiros, o PGBL só vale a pena mesmo se houver declaração do IR pelo formulário completo devido ao abatimento de 12%. Se for o simplificado, esqueça o PGBL.
Custos do investimento
A previdência privada tem custos que precisam ser considerados. São taxas de administração (percentual recai ao ano sobre aplicações e rendimento), de carregamento (percentual sobre cada aplicação ou resgate) e de saída (% sobre o resgate feito antes do final do plano) . Como há muita disputa, alguns dessas taxas não chegam a ser cobradas. Compare antes de começar a investir, porque ao final de longos prazos o impacto será tremendo.
Regressiva ou progressiva
O investidor precisa decidir se quer plano com tributação regressiva ou progressiva. No primeiro caso, a alíquota do IR, que começa em 35%, cai ao longo do tempo até 10% assim que cada aporte atinge dez anos. Portanto, evite sair cedo desse plano. Na progressiva, o IR é de 15% no resgate único. Quando começar a renda mensal, a alíquota vai subir conforme aumentar o valor na tabela – por isso a progressiva é boa para renda menor, segundo a corretora Magnetis.