Onde investir: Poupança, prejuízo garantido
Como nesses 12 meses a caderneta valorizou 2,29% e o CDI, 2,97% (sem tirar tributação), esse investidor conservador perdeu poder aquisitivo
Se há um ano você tivesse R$ 10 mil na caderneta de poupança, hoje seriam R$ 10.229. Já uma aplicação pelo CDI (fundos de renda fixa e CDB/LCI pós-fixados), atingiria R$ 10.428. Entretanto, no período, o principal índice de inflação, o IPCA, crava 4,31%. Como nesses 12 meses a caderneta valorizou 2,29% e o CDI, 2,97% (sem tirar tributação), esse investidor conservador perdeu poder aquisitivo. Na ponta do lápis, o prejuízo é de R$ 202 na poupança e de R$ 3 no CDI, comparando com o IPCA.
Essas comparações mostram que o investidor que ficou na caderneta por medo, principalmente pelo chacoalhão nos mercados pela pandemia, por comodismo ou ser adepto do “não sei investir” perdeu dinheiro. Muitos gostam da poupança pela sensação de segurança. Entretanto, se o banco do investidor quebrar ou houver colapso do sistema, o Fundo Garantidor cobriria saldo de até R$ 250 mil por CPF na mesma instituição (somando todas aplicações) ou de R$ 1 milhão na soma dos bancos. Portanto, essa segurança não existe – aliás, o melhor nesse quesito é o Tesouro Direto, no qual é fácil para o governo emitir títulos para cobrir seus gastos. Basta pagar juros mais altos para os credores (nós, pequenos, e grandes investidores) voltarem.
Se este é o seu caso, de continuar na poupança, veja outras contas que podem consolá-lo ou desesperá-lo. Em 12 meses, após investimento de R$ 10 mil, o Ibovespa renderia R$ 10.061 (0,61%) ou R$ 10.409 se seguisse o índice small caps (companhias médias). Mas a bolsa tem uma particularidade. Você pode montar uma carteira e se for certeiro terá ganhos elevados. Por exemplo, Weg subiu 123% e a Magazine Luiza, 101%, ambas em 12 meses. O difícil é acertar na mosca, mas uma diversificação por setores pode garantir um retorno moderado e bem acima da inflação.
Porém, quem suporta grandes emoções e se arriscou ganhou muito dinheiro. Em 12 meses, R$ 10 mil em ouro se tornaram R$ 14.578 (45,78%). No caso do bitcoin, o total chegou a R$ 31.273 (212,73%!). Mas são mercados muito voláteis e arriscadíssimos para se entrar sem muito conhecimento. Sob essa condição, vira cassino. Também é preciso estar treinado para muito sangue frio. Desde o pico de R$ 104,5 mil o bitcoin no último dia 30, a criptomoeda já caiu 14%. É preciso estar preparado para reveses em cada mercado.
Coragem para migrar
A migração da poupança para outros produtos deve ser sem traumas. O melhor caminho é transferir aos poucos, por exemplo, de 1% a 5% desses recursos ao mês para diferentes opções e não uma só. Se é conservador, procure investimentos na mesma linha, como Tesouro Selic, CDBs de alta liquidez (dinheiro não fica preso) e fundos de renda fixa. Antes de mudar, leia sobre como funciona a nova aplicação, como rentabilidade, tributos e prazo de resgate e se tem Fundo Garantidor.
Alternativa dos fundos
Os fundos são excelente opção para quem está na poupança. Na prática, é uma terceirização, com um gestor com volume maior de recursos para ativos que não são acessíveis ao pequeno poupador. Em contrapartida, paga-se taxa de administração – deve ser zero se for DI. Os de ações podem ficar por volta de 2%. Há ainda a taxa de performance, quando a rentabilidade supera uma referência, como o CDI, cobrando, por exemplo, 20% sobre o que superar essa taxa.
Pouquinho no risco
O investidor da caderneta é um conservador por natureza, mas isso não significa que não pode aportar em opções de risco, como bolsa, ouro e até criptomoeda. Porém, invista no máximo 5% de seu patrimônio nesses ativos. Em caso de queda, a grande parcela da renda fixa vai praticamente anular a perda. Nos ganhos, eles são tão elevados que podem superar a porção conservadora. Se é iniciante no risco, terceirize as operações, investindo em fundos arriscados.
