Onde investir: Desconto no Tesouro Selic

A partir do próximo dia 1º o investidor do título mais popular do Tesouro Direto não pagará mais a taxa de custódia de 0,25% para até R$ 10 mil nvestidos

Por: Marcelo Santos  -  25/07/20  -  22:29
Governo Federal bloqueia mais R$ 1,44 bilhão do Orçamento
Governo Federal bloqueia mais R$ 1,44 bilhão do Orçamento   Foto: Agência Brasil

A partir do próximo dia 1º o investidor do título mais popular do Tesouro Direto, o Tesouro Selic, antiga LFT, não pagará mais a taxa de custódia de 0,25% para até R$ 10 mil investidos. Se o saldo superar esse valor, por exemplo, em R$ 1 mil (total de R$ 11 mil), só essa parte pagará 0,25%. Esse ganho parece pouco, mas não é, pois qualquer alívio em tempos de juros tão baixos torna o produto mais competitivo. 


A taxa de custódia cobre o custo das instituições (Cetip, Selic e CBLC) que guardam o dinheiro, pois a corretora é uma intermediária. Quando se vende um título, há despesas com a transferência da posse, da liquidação física e do depósito para o comprador. Esse 0,25% é cobrado em duas partes de 0,125% no final do semestre sobre o valor aplicado, saindo da conta corrente (não é retido, você tem que separar o valor). Por exemplo, para R$ 1 mil em Tesouro Selic, a custódia era de R$ 2,50 – esse valor não será mais cobrado. Para R$ 50 mil, apenas R$ 40 mil serão taxados em 0,25%. Nesse caso, serão 0,2% sobre o todo (R$ 100).


Parece uma conta de doido festejar um percentual tão baixo, mas não. Veja também que aplicações pagam Imposto de Renda sobre o rendimento e conforme o tempo investido. Para até 180 dias, o IR é de 22,5%. De 181 a 360, são 20%, de 361 a 720, de 17,5%, e a partir de 721 dias, 15%. Por exemplo, se você aplicou R$ 1 mil em 2 de janeiro, agora em julho o IR caiu para 20%. Se fosse desde 2 de janeiro de 2019, agora seria de 17,5%. Neste último caso, considerando que não há mais taxa de custódia para esse valor, com o IR de 17,5% sobre os 2,25% dos juros do Tesouro Selic, o rendimento líquido, aquele você vai embolsar ao resgatar, será de 1,85%. Como a caderneta, mesmo isenta, paga 1,575%, o Tesouro Selic é a melhor opção. Mesmo se a alíquota fosse a mais cara, de 22,5%, com ganho líquido de 1,74% e sem a custódia de 0,25%, a poupança sairia derrotada. 


Estima-se que o Banco Central vá cortar mais 0,25 ponto da taxa Selic para estimular a economia, o que automaticamente tira rentabilidade do Tesouro Selic. Porém, a poupança também perderá, porque o rendimento dela equivale a 70% da Selic. Se a Selic cair para 2% ao ano, a poupança vai para 1,4%. O Tesouro Selic (até R$ 10 mil), com IR de 22,5%, vai para 1,55%. No IR mais barato (15%), será 1,7%. Vamos aguardar.


Opção de reserva


O Tesouro Selic é uma das melhores opções para fazer reserva, aquele valor que fica livre para o resgate (cai na conta no dia seguinte) para cobrir surpresas, como multas, acidentes, doenças ou até desemprego. Esse título tem uma data de vencimento, como 2025, mas se perde pouco dinheiro se vendê-lo antes, porque ele paga praticamente o mesmo da taxa Selic. Há ainda uma perda na hora da venda em relação à compra feita antes, mas essa diferença não dá grande prejuízo. 


Para planos futuros


O Tesouro IPCA é uma ótima opção para metas mais demoradas, como aposentadoria. O papel com vencimento em 2055 (há outras datas) paga o IPCA mais 3,84%. Além de cobrir a inflação, dá mais 3,84%, garantindo o lucro, mas desde que o resgate seja feito daqui a 35 anos. A retirada pode ocorrer a qualquer momento, porém, há risco do prejuízo se na hora do saque houver tendência de alta dos juros dos novos títulos. Se a expectativa é de queda, o seu título vale mais.


Mais seguro


Se você pensa que a caderneta é 100% segura, engana-se. Se o banco quebrar, apenas R$ 250 mil estarão a salvo devido ao Fundo Garantidor, espécie de seguro para proteger o investidor, ainda assim limitado. O FG cobre esses R$ 250 mil por CPF na instituição. Já os títulos públicos têm compra garantida pelo Banco Central. O governo também pode quebrar, mas ele tem mais ferramentas para evitar isso, como emitir papel moeda e novos títulos. Mas isso é para situações de colapso.


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