Onde investir: Cinco anos com ações

Para o pequeno investidor, o melhor caminho é pensar no longo prazo

Por: Marcelo Santos  -  29/08/20  -  21:56
  Foto: William Iven/Unsplash

O sonho de egressos da caderneta de poupança de fazer fortuna com a bolsa precisa ser permeado de proteção contra o sobe-desce. Para o pequeno investidor, o melhor caminho é pensar no longo prazo, de pelo menos cinco anos. Quem resgata suas ações antes disso, sem análise que prove que a operação compensa, está sujeito a vender baixa se fez isso com o mercado despencando. Para isso ficar mais claro, a coluna fez as contas da valorização dos últimos cinco anos – 26 de agosto de 2016 até a última quinta-feira – de seis ações. Não se trata de indicação e sim de uma escolha aleatória para ajudar a entender porque é melhor buscar o longo prazo. 


Imagine se você tivesse comprado essas ações cinco anos atrás. Todas são ordinárias (ON). A mais fraquinhas dela é Bradesco, que subiu mirrados 5%. Uma decepção, porque perde para referências da renda fixa, como CDI, que subiu 32%. Já a caderneta ganhou 21% e o IPCA, 13%. Outra que decepcionou, a Cemig valorizou 29%.


Das outras quatro que ganham desses índices, a mais fraquinha foi Petrobras, com 51%. Já a Vale foi bem melhor, com 241%, e a WEG, indústria de motores, com 437%. À frente desse sexteto está Magazine Luiza, com incríveis 1.052% (sem desconsiderar o desdobramento de ações de 2018*). Se você tivesse investido R$ 100 na poupança em agosto de 2016 teria hoje R$ 121,00. Na Magalu, seriam R$ 1.152. Com a loja da Dona Luiza Trajano, ganharia 9,5 vezes sobre a caderneta. Pena que não deu para adivinhar que isso iria acontecer. 


A coluna não vai argumentar o que fez uma ação subir mais que outra, mas reforçar a importância da paciência no longo prazo. Bradesco, que agora está na casa dos R$ 19, custava R$ 32 em janeiro, antes de ser fulminada pela pandemia. Já a Petrobras, R$ 22 no momento, valia R$ 33 em novembro. A Cemig, nos atuais R$ 10, atingia R$ 19 em junho de 2019. 


Quem se assustou e foi correndo vendê-las logo quando o coronavírus arrebentou as bolsas, perdeu horrores. Os que resistiram agora veem a bolsa se recuperar aos poucos. Por isso, se quer entrar na bolsa, você precisa avaliar se tem estômago para tanta instabilidade. Lembre-se, quedas são rápidas, mas as recuperações são lentas.


(*) Em 2018, a Magalu fez um split, que é fatiar suas ações para estimular sua negociação no mercado. Neste caso, o desdobramento foi de uma ação para oito – de R$ 36,78, virou R$ 4,68 no dia seguinte. O acionista recebeu mais ações proporcionalmente, sem perdas.


Magalu também cai


Ações que sobem muito, como Magazine Luiza, também caem. E quando isso acontece, é para valer. Em 26 de fevereiro, uma quarta-feira de cinzas, a ação caiu 6%. Era o primeiro mergulho das bolsas devido à pandemia, mas o sofrimento apenas começava. Intercalando altas, perdeu 8% em 5 de março, 10% no dia 9 seguinte e 21% (dia 12), 18% (dia 16) e 19% (dia 18). Passado esse sufoco, a rede de lojas, entre 26 de fevereiro e agora, subiu 73%. Não se iluda, é exceção no mercado.


Vítimas da pandemia


Muitas ações ainda sofrem os efeitos da pandemia e não recuperaram seu valor. De 26 de fevereiro até agora, a JBS cai 1,7%, enquanto Lojas Renner perdeu 18% e a CVC, 25%. Estimulada pela retomada da China, a JBS se recupera aos poucos. Como é uma exportadora, a JBS também ganhou com a alta do dólar. Já a Renner, uma empresa robusta, depende da retomada dos shoppings, enquanto a CVC vai respirar quando o coronavírus parar de desestimular as viagens. 


Quando comprar


Não se compra ações porque a empresa é tradicional, simpática ou com uma marca forte. Também não caia nessa de se apaixonar por uma companhia. Aqui é capitalismo, bebê! Ela pode estar em um mau momento, ser de um setor em baixa e com indicadores ruins, como caixa fraco ou muitas dívidas. Siga a recomendação mensal de sua corretora. Antes de abrir conta em uma casa, veja se ela dá esse suporte, principalmente as que anunciam isenção de taxas. 


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