Empreender com mais de 50 anos: não há limite de idade para abrir o próprio negócio

Pessoas mais maduras têm características que ajudam na tarefa

Por: Da Redação  -  08/07/19  -  00:46
  Foto: Adobe Stock

As pessoas com mais de 50 costumam reunir, pela experiência de vida, características necessárias para comandar bem um negócio. Pesquisa feita pelo Sebrae no final do ano passado, em todo o Brasil, mostra que a maioria dos que pretendem empreender após a aposentadoria já têm em mente o ramo de atuação e investem em planejamento.


Consultora do Sebrae SP, Patrícia Ovalle explica que o empreendedor mais velho tem amplo conhecimento de vários assuntos e quando enxerga uma oportunidade sai em busca de mais informações para aprofundamento. Esse é o grande diferencial da Terceira Idade quando se fala em iniciar um negócio.


“Essa pessoa gasta o tempo necessário no planejamento, antes da abertura da empresa. Não vai enxergar um problema só depois de aberta. Os idosos têm grande parte das características que a gente enxerga nos empreendedores de sucesso: busca de informação, rede de contatos, persuasão e qualidade no produto ou serviço que vai ofertar”, detalha Patrícia.


Potencial maior


O idoso não chega ao Sebrae com muitas ideias, ele já vem com um filtro prévio e quer escutar conselhos. Temo perfil de comprometimento e faz tudo o que é pedido para colocar seu negócio em prática, diferentemente dos mais jovens, que costumam falhar na lição de casa. Ainda assim, o número de pessoas mais velhas que empreendem é muito baixo.


“Muitos enxergam uma oportunidade, mas têm medo de expressar sua ideia. Falta a iniciativa, dar o primeiro passo. Às vezes, a família reprime um pouco e questiona: para que ele vai arrumar mais uma cosia, se já fez tanto? Isso retrai esse público”, afirma a consultora do Sebrae-SP.


Patrícia pontua que é possível obter linhas de financiamento para determinados projetos. “Geralmente, o idoso coloca o seu recurso guardado, ou aquilo que recebeu de aposentadoria, de um processo de demissão. Coloca todo seu dinheiro para realizar um sonho. Então, é preciso analisar e ver se é o momento certo para fazer isso”.


O Sebrae lançou a trilha para o empreendedor maduro. Ela inclui passos necessários, como formalização, modelagem de negócio, gestão financeira, planejamento e marketing digital. O interessado tem mais informações no site, onde também é possível ver os endereços das unidades mais próximas.


Hoje, o Sebrae-SP já tem parceria com três universidades de Santos para levar o empreendedorismo aos jovens. A ideia, agora, é trabalhar nos cursos destinados à Terceira Idade.


Maturidade agrega no trabalho


A experiência de vida é o maior diferencial positivo em idosos em busca de recolocação no mercado de trabalho. Porém, isso não basta: eles precisam estar atualizados com as novas tecnologias, abertos a aprender com os mais jovens e, muitas vezes, dar um passo atrás, inclusive no salário.


“Mas devem se valorizar também, sabendo das suas competências. A experiência de vida dá uma bagagem importante e as empresas precisam disso. Muitas passaram por um processo de juniorização muito grande por causa da crise, do corte de custos e hoje está faltando essa experiência, esse equilíbrio”, ressalta Morris Litvak, fundador da MaturiJobs, uma plataforma on-line que faz a conexão entre quem tem mais de 50 anos e busca trabalho com as empresas.


Litvak explica que o comprometimento das pessoas mais velhas com o trabalho é muito mais acentuado do que entre os jovens. “As empresas têm buscado profissionais maduros para áreas de atendimento a clientes e vendas. As pessoas mais velhas têm mais calma para lidar com o público, são mais atenciosas, pacientes. Além disso, transmitem credibilidade”.


Segundo ele, o comércio é um dos setores que mais empregam atualmente essa faixa etária. E um nicho importante é o de empresas que possuem produtos ou serviços voltados à Terceira Idade. Obviamente há preferência por trabalhadores mais velhos, até porque cria um empatia natural com seus públicos.


Tecnologia e preconceito


Capacitação tecnológica é o maior gargalo hoje para idosos que procuram trabalho. O problema está principalmente na cabeça: embora seja completamente possível a aprendizagem, muitos acham que não conseguirão se adaptar. “Hoje é tudo mais fácil, intuitivo. As pessoas precisam perder o medo, abraçar a tecnologia e entender que ela é uma aliada, não uma barreira”.


O responsável pela MaturiJobs afirma que há, sim, preconceito com os mais velhos no mercado. Para ele, é necessário quebrar mitos, vencer medos e esclarecer dúvidas.


“São coisas do tipo: será que o mais velho está aberto para aprender? Para ser gerido pelo mais jovem? Vai ser agilizado? As empresas generalizam e não contratam. Ainda é comum, tem que mudar essa cultura do jovem”.


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