Dólar alto deixará ceia de Natal mais nacional

Produtos importados estão mais caros agora, porém, comércio está otimista

Por: Da Redação  -  20/11/18  -  00:39
Empresários projetam crescimento de até 10% no volume de vendas para o final do ano
Empresários projetam crescimento de até 10% no volume de vendas para o final do ano   Foto: Rogério Soares/AT

As cores e os aromas típicos dos produtos para a ceia de Natal já enchem as prateleiras de supermercados e lojas de artigos importados. Porém, a disparada do dólar faz subir o preço de itens indispensáveis para a ocasião. Assim, pesquisar preços antes de ir às compras pode significar economia.


Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) em 102 redes varejistas indica que os produtos importados estão mais salgados. No final do ano passado, a moeda norte-americana era negociada a R$ 3,27. Ontem, o câmbio fechou em R$ 3,764 – uma elevação de 15%.


Contudo, parte do estoque foi comprada em agosto e setembro, quando a cotação superou R$ 4,20 – a maior do Plano Real, de 1994. “Não tem jeito: parte da flutuação do dólar é repassada ao consumidor”, diz a sócia proprietária do Empório Marcelo, no Boqueirão, Inês Figueira Santos.


As frutas importadas e as oleaginosas são as que mais vão pesar no bolso do consumidor, com alta média de 11,5%. “Muitos desses produtos, como a castanha portuguesa, o transporte é por avião, que deixa mais caro o seu valor”. Os demais alimentos importados estão corrigidos em até 10,8%, seguidos por vinhos (10%) e bacalhau (8,8%). O trigo mais caro deve elevar em até 5% o preço do panetone.


“O dólar valorizado pode inibir o volume de venda de alguns produtos, mas poderá compensar parte das perdas do ano passado com a forte deflação de 2017, que foi de 2,30%”, afirma o economista Thiago Berka, da Associação Paulista de Supermercados (Apas) .


Para driblar uma possível queda no ritmo das vendas, comerciantes da região buscam alternativas. Reduzir a margem de lucro e negociar direto com fornecedores foram alternativas para segurar os preços. “Foi um ano difícil, mas projetamos elevação entre 5% e 10% nas vendas em dezembro”, diz Inês.


O proprietário do Empório Porãozinho, na Vila Belmiro, Augusto Cardoso, apostou em antecipar as compras do final do ano. “Isso me fez ter preços mais competitivos, com alguns itens com os valores estabilizados ou até mais baixos em relação ao ano passado”.


De acordo com a Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba), a tendência é de redução nos preços nas próximas semanas. O motivo é que, diante da incerteza eleitoral – que se encerrou no final de outubro –, empresários empurraram as negociações para o mês seguinte.


O setor também se prepara para minimizar os efeitos da desvalorização do real nas compras para o Natal. O plano B será oferecer similares nacionais, mais baratos, para competir com as opções importadas.


Cortes de aves e suínos surgem como alternativa ao bacalhau importado. Espumantes nacionais e cerveja devem substituir os vinhos importados. As frutas de outros países podem ser trocadas por outras, nacionais, da estação.


Aumento nas vendas


Os empresários do setor alimentício projetam um crescimento de até 10% no volume de vendas de final de ano, afirma o Departamento de Economia e Pesquisa da Abras.


"Alguns itens tiveram crescimento nas apostas na comparação com 2017”, sustenta o presidente da entidade, João Sanzovo Neto.


Projeções da associação indicam que os maiores volumes de vendas serão os de vinho importado (13,8%), panetone (13%), refrigerante (12,4%), carne bovina (12,3%), cerveja (12,2%) e frango congelado (12%). A depender o preço, a ceia natalina terá peru e chester: os preços destes produtos tiveram queda de 6,22% nos últimos 12 meses.


A Apas calcula crescimento real (descontada a inflação do período) de 1,5% a 2% em relação ao ano passado. “Apesar de tímido, o aumento é importante em um ano que teve muitas turbulências para o setor e cria expectativas positivas para 2019”, explica Berka. Para o especialista, os números positivos se baseiam na lenta recuperação do emprego formal, que soma 603 mil vagas criadas no Estado até setembro.


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