Com alicerce sólido, construção civil sobe mais

Procura em elevação deve ser a marca de 2021 no setor

Por: Da Redação  -  28/12/20  -  01:20
Prédios em Santos: linhas trocarão TR por IPCA; governo precisa explicar risco de alta da inflação
Prédios em Santos: linhas trocarão TR por IPCA; governo precisa explicar risco de alta da inflação   Foto: Alexsander Ferraz/Arquivo AT

A festa acabou, o comércio fechou, a rua esvaziou e o dinheiro...rendeu?? Sim. Em um cenário de ruas vazias, comércio fechado e a quase proibição de viajar, quem tinha recursos aplicados viu o rendimento aumentar em meio à pandemia. E é importante frisar que nem todos os setores paralisaram as atividades por completo. Foi para essa demanda que havia uma vasta oferta no ramo imobiliário esperando por compradores. 


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Circunstâncias que, juntas, provocaram um aumento no setor e que levaram para cima também a construção civil. O Estudo Secovi do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, realizado pelo Departamento de Economia e Estatística do Sindicato da Habitação em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, mostrou que foram vendidas na Baixada Santista 5.084 unidades residenciais novas entre julho de 2019 e junho de 2020, volume 64,1% superior ao período anterior. Os lançamentos também cresceram no intervalo de julho de 2019 e junho de 2020 e totalizaram 4.021 novos imóveis. O resultado representou um aumento de 7,3% em relação aos 3.748 imóveis apontados no levantamento anterior.


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O Valor Global de Vendas (VGV) do período totalizou R$ 2,032 bilhões, volume 71,2% acima do verificado no levantamento passado, quando atingiu a marca de R$ 1,187 bilhões. Também houve melhora no indicador Vendas Sobre Oferta (VSO): nos 12 meses analisados a porcentagem de vendas em relação ao total de unidades ofertadas ficou em 53,7%, superando os 46,8% registrados no intervalo anterior e representando um crescimento de 14,7%.


Para o diretor regional do Secovi em Santos, Carlos Meschini, no período analisado (entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro de 2020) o mercado vinha de uma recuperação em relação aos anos anteriores. “De qualquer modo, tivemos uma ascensão no segundo semestre de 2020 e essa subida deverá manter-se em 2021. Só não podemos precisar neste momento de quanto será essa alta, mas estamos retomando o ritmo de vendas e lançamentos, com perspectivas positivas”.


Meschini acredita que alguns fatores formarão a base para que a procura por imóveis continue em elevação. “Os juros estão mais baixos e há um melhor poder de financiamento. Os bancos estão jogando mais dinheiro no mercado. E o perfil do cliente é o de investir em imóveis. O natural é que o mercado siga nessa subida”.


Preços


Os imóveis com preços entre R$ 230 mil e R$ 500 mil destacaram-se. No período analisado, lideraram em vendas, oferta final e valores. Imóveis com preço inferior a R$ 230 mil registraram a maior quantidade de lançamentos. O melhor desempenho de comercialização foi dos imóveis com valores entre R$ 750 mil e R$ 900 mil, com VSO de 57,7%.


Mas preços vão para cima também


Os imóveis estão sendo comercializados, o mercado aqueceu, tudo muito bom, tudo muito bem, mas...a construção vai acompanhar esse ritmo? Pode até ser que sim, mas fatalmente esse ‘caminhar junto’ irá se transformar em custo mais elevado para os produtos. 


É o que diz o presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Ricardo Beschizza. Para o dirigente, desabastecimento e aumento nos preços dos insumos se tornarão questões a serem muito bem administradas em 2021. De qualquer modo ele já prevê que os imóveis ficarão mais caros na região. “Para retomar o ciclo de produção vamos enfrentar tudo isso.


O custo de produção está aumentando e é inevitável repassar esses aumentos ao valor final do imóvel”.
Beschizza diz que esses são problemas que já vêm sendo sentidos pelo mercado. Com as paralisações e reduções nas jornadas de trabalho provocadas pelas medidas de isolamento social, o setor da construção civil passou a operar com os estoques que tinha à disposição. Só que em meados de julho essa reserva tornou-se escassa e a produção de materiais primordiais para a construção já era insuficiente.


“Estamos enfrentando aumentos nos preços do aço e do cimento. A oportunidade de comprar imóveis apareceu e muita gente aproveitou. Mas para a construção acompanhar essa demanda precisa do material básico. Esse já não tem a mesma oferta e ainda está custando mais caro. O desafio de 2021 é enfrentar essa escassez de materiais, equilibrando com a necessidade do mercado imobiliário”.


Para Beschizza, o ponto crucial para uma solução será equacionar o custo de construção com o preço de mercado e não há outra consequência se não o reajuste nos valores dos imóveis. E, ainda assim, um equilíbro mais concreto só deverá acontecer somente na metade do ano que chega.


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